O ano passado foi um ano de recordes e promessas quebrados. Vimos novas altas de emissões de gases de efeito estufa, recordes de temperatura sendo batidos e impactos climáticos chegando cada vez mais fortes e rápidos. O financiamento para ajudar as comunidades vulneráveis a se adaptarem às mudanças climáticas não está sendo entregue. Ao mesmo tempo, a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão longe de ser alcançados faltando pouco tempo para o prazo final da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Há muitas razões para isso, mas é claro que um dos principais fatores é a lenta reação à tripla crise planetária das mudanças climáticas, da deterioração ambiental e perda da biodiversidade, e da poluição e geração de resíduos.
Essa é a notícia ruim. A notícia boa é que a resposta global à tripla crise planetária se intensificou. Os esforços para combater a poluição e o desperdício foram impulsionados pelo Marco Global sobre Produtos Químicos e pelo progresso no instrumento global sobre poluição plástica, que deve ficar pronto em 2024. As nações adotaram um tratado para proteger a biodiversidade dos oceanos para além das fronteiras nacionais, enquanto as principais diretrizes para ajudar o setor privado a reduzir seu impacto na natureza foram divulgadas — um estímulo ao Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, cuja implementação foi acelerada. Por fim, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP28, fez um apelo claro aos países para que realizassem a transição energética — além de apresentar estratégias para adoção da Meta Global de Adaptação e operacionalização do Fundo de Perdas e Danos, bem como novos compromissos sobre resfriamento sustentável, redução de emissão de metano, triplicação das metas de energia renovável e avanços ambientais.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) desempenhou um papel importante em muitos desses processos, fornecendo conhecimentos científicos e soluções fundamentais para a tripla crise planetária, organizando e apoiando negociações importantes, incentivando acordos ambientais multilaterais, trabalhando com os setores privados e financeiros para alinhar o financiamento dos processos globais e apoiando os Estados-Membros a cumprir seus compromissos.
Algum progresso já foi alcançado. A grande tarefa pela frente é acelerar esse progresso para que ele se mova mais rápido do que a intensificação da tripla crise planetária. Como a principal autoridade global em meio ambiente, o PNUMA trabalhará incansavelmente para ajudar a fazer isso acontecer — por meio da implementação de tecnologias digitais para fornecer conhecimentos técnicos voltados para o futuro, impulsionando a implementação dos acordos ambientais multilaterais que possibilitam a mudança e apoiando os Estados-Membros a promover a estabilidade climática, a vida em harmonia com a natureza e a criação de um futuro livre de poluição. É assim que cumpriremos a Agenda 2030 e criaremos as condições para um mundo mais pacífico e próspero.
O PNUMA está na vanguarda dos esforços globais para ajudar os países a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e se adaptar às mudanças climáticas, que estão no centro do ODS13 sobre ação climática. Este trabalho também contribui para uma série de outros objetivos que apoiam a saúde, a prosperidade e a igualdade humana e planetária, incluindo o fim da pobreza (ODS1), o fim da fome (ODS2), a expansão do acesso a energia limpa e acessível (ODS7), a redução das desigualdades (ODS10) e a construção de comunidades sustentáveis (ODS11).
A análise do PNUMA divulgada antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) colocou em foco a escala da crise climática e ofereceu aos formuladores de políticas um conjunto de soluções.
O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2023: Recorde Quebrado — Temperatura atinge novos máximos, mas o mundo falha em reduzir as emissões (novamente) mostrou que as atuais promessas climáticas colocaram a Terra no caminho de aquecer de 2,5°C a 2,9°C neste século, bem acima das metas do Acordo de Paris. Para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C, as emissões de gases de efeito estufa devem cair 42% até 2030. O Relatório sobre a Lacuna de Produção: Eliminação progressiva ou aumento progressivo? Os principais produtores de combustíveis fósseis planejam ainda mais extração, apesar das promessas climáticas constatou que os planos dos governos de produzir combustíveis fósseis ultrapassariam o limite de carbono compatível com o aquecimento a 1,5°C.
Por sua vez, o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação: Subfinanciado. Subpreparado — O investimento e o planejamento inadequados sobre a adaptação climática deixam o mundo exposto apurou que a lacuna de financiamento da adaptação foi 50% maior do que se se pensava anteriormente. Os países em desenvolvimento precisam de valores entre US$ 215 bilhões e US$ 387 bilhões por ano para suportar os crescentes impactos climáticos. As análises do PNUMA foram mencionadas por chefes de Estado e negociadores durante a COP28, enquanto o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação foi citado no Balanço Global, a decisão final da COP28 que apelou aos países que realizassem a transição energética. Mais de 3.300 artigos sobre essas análises de "lacunas" foram publicados em mais de 75 países.
Em 2023, o PNUMA apoiou 43 países em desenvolvimento na preparação de seus relatórios bienais de transparência, ou seja, documentos que avaliam o quão bem as nações estão cumprindo seus compromissos climáticos. Esses relatórios nacionais foram apoiados por US$ 32 milhões em financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), uma das maiores somas que a instituição já forneceu para relatórios climáticos.
O PNUMA ajudou dezenas de países a reforçar seus relatórios de outras maneiras, inclusive desenvolvendo sistemas para gerenciar dados climáticos. Por meio do Centro Climático PNUMA-Copenhague, o PNUMA estabeleceu seis redes regionais para fornecer treinamento e suporte técnico sobre a produção de relatórios. Os relatórios de transparência são fundamentais para o Acordo de Paris porque informam a formulação de políticas e criam confiança entre as nações.
O inovador Sistema de Alerta e Resposta ao Metano rastreou as principais emissões desse potente gás de efeito estufa de instalações de petróleo e gás. Desenvolvida pelo PNUMA e parceiros, essa iniciativa inédita usa dados de satélite, machine learning e outras técnicas de ponta. Em 2023, ela notificou empresas e governos sobre mais de 120 nuvens de metano em quatro continentes, incentivando ações para reduzir as emissões.
O PNUMA apoiou o Brasil no desenvolvimento de padrões de eficiência energética para refrigeradores comerciais, um esforço que visa reduzir as emissões de dióxido de carbono em 11 milhões de toneladas por ano — o equivalente a 15% das emissões do setor elétrico do país. Enquanto isso, o PNUMA ajudou dez cidades na Colômbia, Costa Rica, Índia, Quênia e Turquia a desenvolver planos para descarbonizar seus setores de construção.
Cinco países — Angola, Cazaquistão, Quênia, Romênia e Turcomenistão — aderiram ao Compromisso Global para Redução da Emissão de Metano em 2023, levando a participação total a 155 nações. O PNUMA é um dos principais implementadores do compromisso, que se destacou na COP28 e visa reduzir as emissões globais de metano em 30% até 2030. Essa redução é crucial para lidar com as mudanças climáticas de curto prazo e ganhar tempo para a descarbonização total.
A iniciativa Unidos pela Eficiência, liderada pelo PNUMA, apoiou mais de 80 países no desenvolvimento de padrões de eficiência energética para iluminação, equipamentos e eletrodomésticos. Até 2040, essas intervenções podem economizar cerca de 30 mil MW de energia, o equivalente a 60 usinas elétricas de grande porte.
Em 2023, outras 11 partes ratificaram a Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal, que exige a redução gradual do uso de hidrofluorcarbonetos (HFCs). A redução do uso desses potentes gases de efeito estufa poderia evitar até 0,5°C de aquecimento até meados do século. O Fundo Multilateral do protocolo foi reabastecido em outubro de 2023 com um recorde de US$ 965 milhões para 2024-2026. Mais de 60 países aderiram ao Compromisso de Resfriamento, organizado pela Coalizão de Resfriamento, convocada pelo PNUMA. O acordo visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa ligadas ao setor de resfriamento em pelo menos 68% globalmente até 2050.
O PNUMA e parceiros organizaram a Semana do Clima da África ao lado da primeira Cúpula do Clima da África, que reuniu mais de 10 mil participantes, incluindo 20 chefes de Estado, em Nairóbi, no Quênia. O encontro enfatizou que a África pode impulsionar soluções para a crise climática. "Nosso objetivo é criar uma voz africana única e contundente que leve os resultados... para a COP28 e além", disse o presidente do Quênia, William Ruto.
O PNUMA liderou o estabelecimento de sistemas de alerta precoce para desastres relacionados ao clima em seis países: Ilhas Cook, Ilhas Marshall, Niue, Palau, Timor Leste e Tuvalu. Alguns desses sistemas já estão em funcionamento, incluindo um sistema de previsão baseado na Web que alertou os habitantes das Ilhas Cook sobre inundações costeiras durante uma tempestade em maio. O PNUMA está implementando projetos semelhantes em 19 outras nações, como parte de um esforço mais amplo da ONU para garantir que os sistemas de alerta precoce protejam todos na Terra até 2027.
O PNUMA também intensificou os esforços para ajudar as comunidades a se adaptarem às mudanças climáticas de longo prazo, apoiando quase 80 projetos. O PNUMA ajudou o Panamá e o Uganda a desenvolver planos nacionais de adaptação, elevando para 23 o número total de países que apoiou com este trabalho.
O Centro e Rede de Tecnologia Climática (CTCN), um órgão hospedado pelo PNUMA, ajudou os países em desenvolvimento a alavancarem a tecnologia para mitigação e se adaptarem às mudanças climáticas. Essas intervenções devem beneficiar 69 milhões de pessoas e evitar a emissão de 21 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente anualmente — o mesmo que tirar 4 milhões de carros das ruas. Por exemplo, o CTCN apoiou Botswana, Essuatíni, Lesoto, Malawi, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue no desenvolvimento de padrões mínimos de desempenho energético para frigoríficos e transformadores.
A Aliança de Proprietários de Ativos Líquido Zero, convocada pela ONU, representa um grupo de investidores institucionais comprometidos com a descarbonização de seus portfólios, e chegou a 87 membros até novembro de 2023, contra 77 no ano anterior. As emissões combinadas de gases de efeito estufa dos membros que estabelecem metas climáticas caíram 3% em 2022. Os membros da aliança, que têm US$ 9,5 trilhões em ativos sob gestão, dedicaram mais de US$ 380 bilhões a soluções climáticas até 2022, o último ano para o qual há dados disponíveis.
No final do ano, mais de 320 credores, representando metade dos ativos bancários do mundo, aderiram aos Princípios para Responsabilidade Bancária. A estrutura, administrada pela Iniciativa Financeira do PNUMA (UNEP-FI), ajuda os bancos a alinhar seus principais negócios com os acordos ambientais globais. Cerca de 71% dos signatários se comprometeram com metas ambientais de mitigação. Muitos também estão financiando empresas que oferecem soluções climáticas. Por exemplo, um grande credor concedeu um empréstimo de US$ 1,2 bilhão a um empreendedor de energia renovável indiano que construiu plantas com 900 megawatts de capacidade eólica e 400 megawatts de capacidade solar.
O PNUMA ajudou a proteger, restaurar e gerenciar melhor os ecossistemas de água doce, que estão sob crescente ameaça com as mudanças climáticas. Em março, o PNUMA e vários parceiros lançaram o Desafio da Água Doce, que visa proteger 300 mil quilômetros de rios e 350 milhões de hectares de pântanos e mangues em todo o mundo. Cerca de 43 nações se juntaram ao esforço, incluindo muitas na COP28, um resultado importante da Agenda da Água da COP28.
O PNUMA também iniciou um projeto, financiado pela Iniciativa Climática Internacional da Alemanha, para ajudar a gerenciar de forma sustentável a Bacia do Rio Congo. Esse projeto é um dos vários esforços liderados pelo PNUMA na área, que abriga mais de 75 milhões de pessoas. Além disso, o PNUMA anunciou que trabalhará com 19 cidades em todo o mundo para restaurar os ecossistemas urbanos, principalmente rios, canais, pântanos e mangues. O PNUMA também apoiou o lançamento pelo Quênia da Comissão dos Rios de Nairóbi, que visa rejuvenescer a bacia hidrográfica da qual a capital depende.
Por fim, o relatório do PNUMA Águas Residuais: Transformando problemas em soluções descobriu que, com as políticas certas, as águas residuais poderiam fornecer energia alternativa a 500 milhões de pessoas, fornecer 10 vezes a água fornecida pela atual capacidade global de dessalinização e compensar mais de 10% do uso global de fertilizantes.
O relatório do PNUMA mostra que a lacuna de emissões está mais para um cânion. Um cânion repleto de promessas quebradas, vidas quebradas e recordes quebrados.
Em um momento em que a natureza e a biodiversidade estão sob enorme pressão, o PNUMA está liderando os esforços para proteger, restaurar e gerenciar de forma sustentável o mundo natural. Como a natureza sustenta sociedades e economias, este trabalho apoia a proteção da vida aquática (ODS14) e da vida terrestre (ODS15), dentre outros objetivos. Muitos dos esforços do PNUMA em 2023 se concentraram em ajudar os países a implementar o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF).
Com o apoio do GEF, o PNUMA está liderando 24 projetos em 21 países, do Chile ao Sri Lanka, para proteger e revitalizar uma variedade de paisagens terrestres e marítimas. Em 2023, esse trabalho apoiou a gestão sustentável de mais de 560 mil hectares de ecossistemas, uma área aproximadamente do tamanho de Trinidade e Tobago. Ele também levou à criação de 254 mil hectares de áreas protegidas e à conservação ou revitalização de 110 mil hectares de florestas.
Por meio do Programa ONU-REDD, o PNUMA ajudou 17 países a conservar e restaurar florestas, muito importantes para remoção de carbono da atmosfera. O programa ajudou os países a se tornarem elegíveis para um financiamento combinado de US$ 1,5 bilhão para a conservação florestal. Esses esforços também devem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais de 100 milhões de toneladas até 2026.
A Década da Restauração de Ecossistemas da ONU, liderada pelo PNUMA e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), apresentou dez esforços pioneiros de restauração. Essas Referências de Restauração foram apresentadas em 1.500 histórias na mídia e geraram 70 milhões de visualizações nas redes sociais.
As referências visam restaurar, até 2030, mais de 60 milhões de hectares de terra e mar, como parte de um compromisso dos países de restaurar 1 bilhão de hectares, uma área maior que a China, até 2030.
O PNUMA apoiou o Brasil na legislação, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para promover a agricultura urbana e periurbana sustentável. A medida deve tornar os alimentos saudáveis mais acessíveis e preservar a biodiversidade. Essa iniciativa fazia parte de um projeto de sete países, que terminou em 2023, para reduzir o impacto ambiental da produção de alimentos.
O PNUMA e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apoiaram 138 países no alinhamento de suas políticas nacionais de biodiversidade, metas ambientais e estruturas de monitoramento com o GBF. Este é um passo crítico para o sucesso do acordo.
Em setembro, o PNUMA e parceiros lançaram a Parceria de Aceleração de Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade, que fornece suporte técnico para acelerar a implementação do GBF. O PNUMA também treinou funcionários de 50 países para usar uma ferramenta de relatório de dados, o que ajuda a simplificar os relatórios para convenções relacionadas à biodiversidade.
Em junho, os Estados-Membros da ONU adotaram um acordo que estabelece as bases para a conservação e o uso sustentável dos dois terços do oceano que estão para além das jurisdições nacionais. O PNUMA forneceu consultoria especializada enquanto os líderes negociavam o acordo, o que é fundamental para a implementação do GBF, particularmente sua meta de proteger 30% da terra e do mar até 2030.
Para marcar seu 20º aniversário, a Convenção dos Cárpatos, organizada pelo PNUMA, adotou uma nova estrutura para proteger a biodiversidade em uma das cadeias montanhosas mais longas da Europa, um reflexo dos esforços regionais para implementar o GBF.
Em 2023, o PNUMA se concentrou em ajudar os atores do setor financeiro, incluindo bancos e seguradoras, a incorporar considerações ambientais em suas práticas comerciais. Essa iniciativa será crucial para mobilizar o capital necessário para cumprir a promessa do GBF.
Em setembro, a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza divulgou uma estrutura descrevendo como as empresas podem avaliar e divulgar riscos e ameaças ambientais. O UNEP-FI cofundou a força-tarefa e testou uma versão beta dos padrões com 50 instituições financeiras em 25 países. O G7 e o G20 tomaram nota oficial da estrutura, que apoia a Meta 15 do GBF, apelando às empresas para que reduzam seus impactos negativos na biodiversidade.
O PNUMA e outros órgãos da ONU apoiaram o Roteiro Nacional da Economia Azul 2023-2045 do Governo da Indonésia. Lançado em julho, o programa descreve como o país pode utilizar de forma sustentável seus recursos marinhos para o crescimento econômico. O apoio do PNUMA se deu através da Iniciativa de Alto Impacto sobre a Transformação Econômica da Natureza, parte de um esforço mais amplo da ONU para impulsionar o progresso dos ODS.
Ao longo de 2023, o PNUMA ajudou os Estados-Membros a combater a desertificação e outras formas de degradação da terra, que afetam mais de 3 bilhões de pessoas e são um dos principais impulsionadores da perda de biodiversidade. O PNUMA apoiou diversos países na implementação de seus objetivos sob a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e, em parceria com outras organizações, ajudou países a conseguir financiamento para enfrentar o duplo desafio de combate à desertificação e adaptação às mudanças climáticas.
Um excelente exemplo do trabalho do PNUMA pode ser encontrado na África, onde a organização está apoiando a Grande Muralha Verde, uma faixa de árvores e arbustos de 8 mil km que está ajudando a conter o deserto do Saara. Projetos apoiados pelo PNUMA em 11 países ajudaram a fortalecer a cooperação em torno do muro enquanto avaliavam a escala de degradação da terra. Isso fazia parte de um esforço de vários anos para fornecer suporte técnico aos países da Grande Muralha Verde e para projetar e implementar projetos para recuperar terrenos desertificados.
Além disso, o PNUMA forneceu apoio aos países da Ásia Ocidental que sofrem com tempestades de areia, que podem ser fonte de conflitos e devem se tornar cada vez mais comuns à medida que as mudanças climáticas e a desertificação se aceleram.
Por fim, a Década da Restauração de Ecossistemas da ONU, uma parceria entre o PNUMA e a FAO, destacou a importância de se restaurar pastagens, popularizar a agricultura regenerativa e melhorar a qualidade do solo, atividades fundamentais para o combate à desertificação.
Faltando apenas sete anos para implementar o (Marco Global de Biodiversidade), todos devemos agir agora. E devemos continuar agindo até que nossa teia da vida esteja segura.
O PNUMA está ajudando países a abandonar gradativamente o uso de produtos químicos perigosos, controlar plásticos de uso único, fechar lixões abertos, melhorar a qualidade do ar e construir economias circulares. O combate às crises de poluição e geração de resíduos é parte integrante da garantia de boa saúde e bem-estar (ODS3), fornecimento de água potável e saneamento (ODS6), criação de cidades e comunidades sustentáveis (ODS11), estabelecimento de padrões sustentáveis de consumo e produção (ODS12) e proteção da vida
aquática (ODS14).
Em setembro, o mundo firmou o Marco Global sobre Produtos Químicos, um acordo histórico para proteger as pessoas e o meio ambiente da poluição química, que causa cerca de 2 milhões de mortes todos os anos. O acordo tem 28 metas, incluindo o combate ao uso de pesticidas altamente perigosos e repressão aos produtos químicos ilegais. O PNUMA administrará um fundo de financiamento dedicado ao cumprimento do acordo. O fundo contou com contribuições de 20 milhões de euros da Alemanha, além de contribuições da França, Holanda, Espanha e Suíça.
No início de 2023, o PNUMA divulgou o relatório Preparando-se para os supermicróbios. A análise aprofundada do relatório sobre como a degradação ambiental está provocando o aumento da resistência a antimicrobianos foi coberta pela mídia em 70 países. "Devemos permanecer focados em mudar os rumos desta crise, aumentando a conscientização e colocando esse assunto de importância global na agenda das nações do mundo", disse a primeira-ministra de Barbados, Mia Amor Mottley, que lançou o relatório ao lado da diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen.
O Comitê Intergovernamental de Negociação sobre Poluição por Plásticos, organizado pelo PNUMA, divulgou um rascunho inicial de um instrumento global juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plásticos. O rascunho, que abrange todo o ciclo de vida do plástico, foi revisado durante negociações em Nairóbi, no Quênia, no final do ano, marcando um passo fundamental para a finalização do acordo até o final de 2024.
Seis novos governos assinaram o Compromisso Global da Nova Economia do Plástico, co-liderado pelo PNUMA e pela Fundação Ellen MacArthur. Eles se juntam a 55 nações e centenas de organizações que reduziram coletivamente seu consumo anual de plásticos virgens em 3 milhões de toneladas desde 2018. Isso é mais do que o uso anual de embalagens plásticas da França. Os governos da Coalizão de Alta Ambição para Acabar com a Poluição Plástica estão comprometidos em acabar com a poluição plástica até 2040.
A colaboração do PNUMA com a Comissão do Rio Mekong levou à criação das primeiras regras transfronteiriças para rastrear a poluição fluvial por plásticos no Baixo Rio Mekong. Estima-se que 80% das quase 65 milhões de pessoas que vivem na Bacia do Baixo Rio Mekong dependem do rio e de seus recursos naturais para sua subsistência.
No Caribe, o PNUMA liderou um projeto regional para evitar que redes de pesca e armadilhas de plástico fossem levadas durante as tempestades. O esforço, uma parceria com o Instituto de Pesca do Golfo e do Caribe e a Global Ghost Gear Initiative, abrangeu nove países. Incluiu também campanhas de conscientização entre os pescadores e mapeamento de pontos críticos de poluição com uso de IA.
O PNUMA usou suas influentes ferramentas de ativismo para concentrar a atenção em soluções para a poluição plástica. O tema do Dia Mundial do Meio Ambiente de 5 de junho foi a poluição plástica. Com a generosa Costa do Marfim como anfitriã, o dia foi a hashtag mais popular no X (anteriormente conhecido como Twitter). O conteúdo relacionado foi visto mais de 300 milhões de vezes nas redes sociais. Vários governos também firmaram compromissos naquele dia, com a anfitriã Costa do Marfim revelando um novo código ambiental para combater a poluição por plásticos. A premiação Campeões da Terra, a maior honraria ambiental da ONU, contou com a participação de indivíduos e grupos que estão reinventando a relação da humanidade com o plástico. A premiação quase dobrou seu alcance nas redes sociais a partir de 2022.
O PNUMA intensificou seus esforços para combater a poluição do ar, que mata 6,7 milhões de pessoas por ano e impõe custos de saúde equivalentes a mais de 6% do produto interno bruto global.
A organização ajudou o Cazaquistão e o Quirguistão, onde estão algumas das cidades mais poluídas da Ásia Central durante a temporada de inverno, a desenvolver roteiros para estabelecer índices modernos de qualidade do ar. Os países da Ásia Ocidental, com o apoio do PNUMA e da Organização Mundial da Saúde, concordaram em estabelecer uma rede regional para melhoria da qualidade do ar, a primeira colaboração desse tipo na região.
A Coalizão Clima e Ar Limpo, convocada pelo PNUMA, ajudou 50 países — incluindo o Camboja, Quênia, Paquistão, Nigéria e Tailândia — a avançar nos planos nacionais para reduzir os poluentes de curta duração, como metano e hidrofluorcarbonetos, que contribuem para as mudanças climáticas e a poluição do ar.
Por fim, o Dia Internacional do Ar Limpo para um Céu Azul, liderado pelo PNUMA, se concentrou em como os países podem combater a poluição do ar. Várias celebridades se juntaram ao apelo por um ar mais limpo, com a Embaixadora da Boa Vontade do PNUMA, Dia Mirza, dizendo: "Respirar nunca deveria ser perigoso".
Ao longo de 2023, o PNUMA ajudou os países a reduzirem a geração de resíduos. O Relatório sobre a Lacuna de Circularidade descobriu que os países da América Latina e do Caribe poderiam diminuir 30% de seu uso de materiais e de sua pegada de carbono implementando estratégias de economia circular. O Panorama de Resíduos Elétricos e Eletrônicos de 2050 na Ásia Ocidental descobriu que a reciclagem de eletrônicos na região poderia recuperar 130 toneladas de ouro, 17 milhões de toneladas de ferro e aço e 5 mil toneladas de metais de terras raras até 2050. O relatório foi lançado no primeiro Dia Internacional do Desperdício Zero, liderado pelo PNUMA e pela ONU-Habitat com o apoio da Turquia.
O PNUMA, com o apoio do GEF, liderou projetos em todo o mundo para remoção de resíduos perigosos, resultando no descarte adequado de 216 toneladas de resíduos eletrônicos na Nigéria, 32 toneladas do pesticida diclorodifeniltricloroetano (DDT) na Etiópia e 211 toneladas de bifenilas policloradas (PCBs) em Camarões.
O PNUMA ajudou hotéis de luxo no Catar, na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos a reduzir o desperdício de alimentos em 65% durante o mês sagrado do Ramadã. O esforço fazia parte da Receita para a Mudança, uma campanha regional para reduzir o desperdício de alimentos.
A Convenção de Minamata sobre Mercúrio, organizada pelo PNUMA, celebrou o 10º aniversário de sua criação. Delegações de 147 países estabeleceram novas datas para a eliminação gradual de produtos com mercúrio adicionado, incluindo lâmpadas fluorescentes e cosméticos, na quinta Conferência das Partes. Também foi firmado um acordo sobre um limite para disposição de resíduos de mercúrio.
Além disso, o PNUMA ajudou 33 países a desenvolver planos de ação nacionais para reduzir a poluição por mercúrio de minas de ouro de pequena escala, uma das maiores fontes desse produto químico tóxico. Por meio de um esforço financiado pelo GEF, 26 nações enviaram planos para a Convenção de Minamata. O programa PlanetGold, que visa melhorar as práticas de produção e as condições de trabalho em minas de pequena escala, foi expandido para 24 países, com minas certificadas vendendo US$ 42 milhões em ouro por meio da iniciativa, liderada pelo PNUMA com financiamento do GEF.
O PNUMA se baseou em uma resolução da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, convocando duas vezes um grupo de trabalho que está desenvolvendo propostas para um painel de política científica sobre produtos químicos, geração de resíduos e prevenção da poluição. O painel, que deve ser estabelecido em 2024, ajudará os governos a tomar decisões informadas sobre a boa gestão de produtos químicos e resíduos.
As Conferências das Partes das convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo, hospedadas pelo PNUMA, adotaram mais 54 políticas para reduzir a geração de resíduos perigosos, eliminar poluentes orgânicos persistentes e controlar o comércio de produtos químicos e resíduos tóxicos. A Convenção de Estocolmo listou três novos poluentes orgânicos persistentes para eliminação, dois dos quais são aditivos plásticos. A Convenção de Basileia adotou diretrizes técnicas sobre a gestão ambientalmente correta de resíduos plásticos.
Todos neste planeta devem ser capazes de viver e trabalhar sem medo de adoecer ou morrer por exposição a produtos químicos. Esta estrutura fornece a visão de um planeta livre de danos causados por produtos e resíduos químicos e com um futuro seguro, saudável e sustentável.
O PNUMA continua a promover o ODS5 sobre igualdade de gênero e capacitar mulheres e meninas a assumir papéis de liderança na conservação e restauração, desenvolvendo sua segunda Política e Estratégia de Gênero. Os resultados iniciais indicam que cerca de 90% dos projetos criados no primeiro semestre de 2023 integraram bem as questões de gênero com base em uma métrica detalhada usada pela ONU. O PNUMA lançou a segunda fase do projeto EmPower, que está ajudando mulheres em Bangladesh, Camboja e Vietnã a comprar equipamentos de energia renovável de pequena escala, como bombas de água movidas a energia solar. Cerca de 100 mil mulheres devem se beneficiar dessa iniciativa. O PNUMA também desempenhou um importante papel no Quênia, fornecendo treinamento para mulheres envolvidas em práticas de pesca sustentáveis, aumentando sua renda e contribuindo para a conservação de recursos marinhos enfraquecidos. Além disso, em Ruanda, Togo e Uganda, o PNUMA e seus parceiros lançaram um programa que concede subsídios a startups de mobilidade elétrica com foco na criação de oportunidades de emprego para mulheres.
Foto: Unsplash/Ashwini Chaudhary
O PNUMA continua a aproveitar o poder de soluções tecnológicas para promover metas ambientais. Em parceria com UN Staff College, com a Coalizão para a Sustentabilidade Ambiental Digital e com a GIZ, o PNUMA lançou uma iniciativa de e-learning, a Digital4Sustainability. Com um novo módulo climático, a plataforma atraiu mais de 12 mil participantes de governos, do setor privado, da sociedade civil e de organizações internacionais. A nova iniciativa de Economia Circular do 10YFP, liderada pelo PNUMA, ajudou organizações do setor público e privado a aproveitar as tecnologias digitais. Enquanto isso, o PNUMA e parceiros lançaram o Repensar, Reduzir, Reutilizar: Utilizando tecnologias digitais para uma economia circular, que mostra como os passaportes digitais de produtos podem contribuir para a análise do ciclo de vida dos materiais.
Foto: Unsplash/Markus Spiske
À medida que os conflitos em todo o mundo se intensificaram, o PNUMA encontrou novas maneiras de ajudar as comunidades a gerenciar os recursos naturais e limitar as consequências ambientais. Por meio do sistema de Coordenadores Residentes da ONU, o PNUMA forneceu conselhos técnicos a nível nacional. A organização apoiou a missão da ONU na Somália, onde as mudanças climáticas estão inflamando conflitos de longa data. Na Ásia Ocidental, o PNUMA mostrou como as comunidades podem se adaptar a condições climáticas extremas, principalmente a seca. O PNUMA está usando cada vez mais monitoramento remoto e dados de satélite para entender a degradação ambiental resultante de conflitos e fazer recomendações de políticas. Essas observações desempenharam um importante papel na rápida avaliação ambiental do rompimento da barragem de Kakhovka, na Ucrânia, em junho. O PNUMA também ajudou as equipes de países da ONU na Síria e na Turquia a medir e gerenciar grandes volumes de detritos gerados por um terremoto de magnitude 7,8 em fevereiro.
Foto: UNEP/Igor Riabchuk
Situação financeira 2022-2023 (combinado) em Dezembro de 2023 (US$ Milhões)
Os 15 principais contribuintes de Fundos Reservados em 2023 (US$ Milhões)*
Alemanha | 66.6 |
Agências da ONU | 36.0 |
União Europeia/Comissão Europeia | 28.2 |
Iniciativa Financeira do PNUMA** | 26.7 |
Fundações/ONGs | 24.7 |
Canadá | 11.4 |
Japão | 11.4 |
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte | 10.8 |
Estados Unidos da América | 8.5 |
Suécia | 7.7 |
Noruega | 5.0 |
Finlândia | 4.1 |
Bélgica | 3.8 |
Áustria | 3.5 |
França | 2.8 |
Os 15 principais contribuintes do Fundo para o Meio Ambiente em 2023 (US$ Milhões)
Noruega | 12.3 |
Holanda | 10.2 |
Alemanha | 8.1 |
Estados Unidos da América | 7.6 |
França | 7.6 |
Dinamarca | 7.2 |
Suécia | 5.1 |
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte | 4.5 |
Bélgica | 4.2 |
Suíça | 4.0 |
Canadá | 2.8 |
Itália | 2.6 |
Finlândia | 2.3 |
Espanha | 1.6 |
Japão | 1.5 |
- Albânia
- Armênia
- Barbados
- Bélgica
- Bósnia e Herzegovina
- Bulgária
- Canadá
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- Filipinas
- Portugal
- República da Coreia
- Cingapura
- Eslováquia
- África do Sul
- Espanha
- Tailândia
- Trinidad and Tobago
- Estados Unidos da América
O PNUMA gostaria de agradecer aos Estados-Membros e a outros parceiros de financiamento por suas contribuições em 2023. Esse apoio financeiro é crucial para ajudar o PNUMA a cumprir seu mandato de combater a tripla crise planetária e criar um futuro mais sustentável para todos.