Eu cresci na costa da Angola, em meio aos manguezais, e me sinto profundamente conectada à biodiversidade que eles abrigam – que inclui aves migratórias, peixes, crustáceos e moluscos. Porém, desde a minha infância, os desenvolvimentos humanos têm invadido essas áreas sensíveis, resultando em um declínio acentuado das espécies e dos inestimáveis serviços ecossistêmicos desses habitats e levando a um aumento nas inundações. Nos últimos anos, tenho liderado campanhas de conscientização pública para alertar sobre a importância dos manguezais, além de promover atividades de limpeza e reflorestamento com a ajuda de milhares de voluntários. Meu projeto, OTCHIVA (que significa “zona úmida” em português), sensibilizou os moradores locais para ajudarem em nossos mutirões de limpeza e restauração e, ao longo de muitos meses, resultou em um aumento constante da população de flamingos e caranguejos, restaurando a subsistência das comunidades locais que vivem da pesca. O impacto do meu trabalho também influenciou o governo local. Meu projeto foi elogiado publicamente pelo vice-presidente da República da Angola durante seu discurso pela Independência Nacional da Angola em novembro de 2019 e em janeiro de 2020 fui chamada para uma reunião com o mesmo vice-presidente, que elogiou pessoalmente o OTCHIVA e procurou aprender mais sobre a restauração e proteção dos manguezais. Meu sonho é ver esses ecossistemas protegidos, restabelecer a resiliência do nosso litoral, bem como o garantir o bem-estar de todas as espécies que dependem desses habitats – incluindo nós mesmos.