A poluição do ar é um assassino invisível que domina muitas partes do nosso frágil planeta. Nove em cada dez pessoas respiram ar com níveis de poluentes que excedem os limites da Organização Mundial da Saúde. Todos os anos, cerca de 7 milhões de pessoas morrem de doenças e infecções relacionadas à poluição do ar – isso é mais que cinco vezes o número de pessoas mortas em colisões rodoviárias e mais que o número oficial de mortes por COVID-19.
A poluição do ar também está entrelaçada às mudanças climáticas, porque poluentes climáticos de curta duração, como metano, carbono negro e ozônio ao nível do solo, têm um impacto enorme no aquecimento global. Reduzi-los poderia diminuir a taxa atual de aquecimento pela metade.
"Temos a capacidade e o conhecimento para melhorar a qualidade do ar e, quando o fazemos, também mitigamos as mudanças climáticas, aumentamos a expectativa de vida, melhoramos a saúde humana e dos ecossistemas, aumentamos a produtividade dos cultivos e sustentamos o desenvolvimento", disse Valentin Foltescu, oficial sênior de Gerenciamento de Programas do PNUMA. "Os países que estão atualmente mais expostos ao ar perigoso têm mais a ganhar – o que significa que melhorar a qualidade do ar também é uma maneira de lidar com a desigualdade global."
Aqui estão cinco dos poluentes mais perigosos em nosso ar.
PM2.5
PM2.5 se refere a partículas finas que possuem 2,5 mícrons ou menos de diâmetro. Eles são invisíveis a olho nu, embora sejam perceptíveis como poluição de partículas em áreas altamente poluídas, e presentes dentro e fora dos ambientes. As partículas PM2,5 provêm da combustão de combustíveis impuros para cozinhar ou aquecer, queima de resíduos gerais e resíduos agrícolas, atividades industriais, transporte e poeira soprada pelo vento, entre outras fontes. As partículas PM2.5 penetram profundamente nos pulmões e na corrente sanguínea, aumentando o risco de morrer de doenças cardíacas e pulmonares, derrame e câncer. Essas partículas podem ser emitidas diretamente ou formadas na atmosfera a partir de vários poluentes diferentes emitidos, como amônia, e compostos orgânicos voláteis.
Ozônio ao nível do solo
O ozônio ao nível do solo, ou ozônio troposférico, é um poluente climático de curta duração e, embora exista apenas por alguns dias a algumas semanas, é um forte gás de efeito estufa. Ele se forma quando poluentes da indústria, tráfego, resíduos e produção de energia interagem na presença da luz solar. Contribui para a poluição atmosférica, piora a bronquite e o enfisema, desencadeia asma, danifica o tecido pulmonar e reduz a produtividade dos cultivos. A exposição ao ozônio ao nível do solo causa cerca de 472 mil mortes prematuras a cada ano. Como o ozônio prejudica o crescimento de plantas e florestas, ele também reduz a quantidade de carbono que pode ser sequestrada.
Dióxido de nitrogênio
Os óxidos de nitrogênio são um grupo de compostos químicos poluentes do ar, incluindo dióxido de nitrogênio (NO₂) e monóxido de nitrogênio. O NO₂ é o mais nocivo desses compostos e é gerado a partir da combustão de motores a combustível e da indústria. Ele pode danificar o coração e os pulmões humanos e reduz a visibilidade atmosférica em altas concentrações. Por fim, é um precursor crítico para a formação de ozônio ao nível do solo.
Carbono negro
O carbono negro, ou fuligem, é um componente do PM2.5 e é um poluente climático de curta duração. As queimadas agrícolas para limpar a terra e os incêndios florestais que às vezes resultam delas são as maiores fontes de carbono negro do mundo. Ele também vem de motores a diesel, queima de lixo e fogões e fornos que queimam combustíveis fósseis e biomassa. Causa problemas de saúde e morte prematura e também aumenta o risco de demência. As emissões de carbono negro têm diminuído nas últimas décadas em muitos países desenvolvidos devido a regulamentações mais rígidas sobre a qualidade do ar. Mas as emissões são elevadas em muitos países em desenvolvimento, onde a qualidade do ar é mal regulamentada. Como resultado da queima aberta de biomassa e da combustão de combustível sólido residencial, a Ásia, a África e a América Latina contribuem com aproximadamente 88% das emissões globais de carbono negro.
Metano
O metano vem principalmente da agricultura, particularmente da pecuária, esgoto e resíduos sólidos, e da produção de petróleo e gás. Ajuda a criar ozônio ao nível do solo e, portanto, contribui para doenças respiratórias crônicas e morte prematura. Uma pesquisa do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) mostra que o metano, um grande poluente climático de curta duração, é responsável por, pelo menos, um quarto do aquecimento global atual. Reduzir o metano causado pelo homem, que corresponde a mais da metade de todas as emissões de metano, é uma das maneiras mais eficazes de combater as mudanças climáticas.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) desempenha um papel importante na redução da poluição do ar. Abriga o Secretariado da Coalizão Clima e Ar Limpo. Ao lado de seus parceiros – a Organização Mundial da Saúde, o Banco Mundial e a Coalizão Clima e Ar Limpo – o PNUMA também desenvolveu um programa que apoia os Estados-Membros no combate aos contaminantes transportados pelo ar. O programa oferece apoio aos governos em três áreas principais: ciência, política e tecnologia. Além disso, o Sistema Global de Monitoramento do Ar do PNUMA ajuda a melhorar o monitoramento do ar em todo o mundo. Também aproveita a ciência e a tecnologia para apoiar os governos dos países em desenvolvimento à medida que eles melhoram o ar que os seus cidadãos respiram. Além disso, o PNUMA facilita o Dia Internacional do Ar Limpo para um Céu Azul e colidera a campanha BreatheLife, que visa mobilizar países, cidades e indivíduos para proteger a saúde humana e o planeta da poluição do ar.