Paris, 11 de outubro de 2023 – Esforços decisivos e de longo alcance para reduzir as emissões de metano da produção e do uso de combustíveis fósseis devem andar de mãos dadas com a descarbonização de nossos sistemas de energia para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, de acordo com um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC), convocada pelo PNUMA.
O relatório A Necessidade Urgente de Cortar o Metano dos Combustíveis Fósseis, divulgado hoje, baseia-se nas descobertas do caminho de zero emissões líquidas de carbono recentemente atualizado da AIE para limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Ele mostra que, embora uma queda na demanda por combustíveis fósseis reduza as emissões de metano, essas reduções por si só não ocorreriam rápido o suficiente para cumprir as metas climáticas do mundo. Ações adicionais direcionadas para combater as emissões de metano da produção e uso de combustíveis fósseis – tais como a eliminação da liberação e queima de gases e o reparo de vazamentos – são essenciais para limitar o aquecimento a 1,5 °C e reduzir o risco de ultrapassar pontos de inflexão climáticos irreversíveis.
O novo relatório conclui que cortes rápidos nas emissões de metano dos combustíveis fósseis poderiam evitar o aumento de até 0,1 °C da temperatura global até meados do século – maior do que o impacto das emissões de tirar imediatamente todos os carros e os caminhões do mundo das estradas.
Uma vez que as emissões de metano conduzem à poluição por ozono ao nível do solo, uma ação imediata também proporcionaria benefícios para a saúde pública, para a segurança alimentar e para a economia. Com base na modelagem da Avaliação Global de Metano do PNUMA/CCAC publicada em 2021 – que, pela primeira vez, avaliou e integrou os custos da poluição climática e do ar e os benefícios da mitigação do metano – a ação do metano evitaria quase 1 milhão de mortes prematuras devido à exposição ao ozônio, 90 milhões de toneladas de perdas de safras devido ao ozônio e às mudanças climáticas, e cerca de 85 bilhões de horas de trabalho perdidas devido ao calor extremo até 2050. Isso geraria, aproximadamente, US$ 260 bilhões em benefícios econômicos diretos até 2050. A Avaliação Global de Metano formou a base científica do Global Methane Pledge (GMP), ilustrando que existem medidas prontamente disponíveis para atingir seus objetivos.
"Reduzir as emissões de metano do setor de energia é uma das melhores – e mais acessíveis – oportunidades para limitar o aquecimento global no curto prazo", disse o Diretor Executivo da AIE, Fatih Birol. "As primeiras ações dos governos e da indústria para reduzir as emissões de metano precisam andar de mãos dadas com reduções na demanda por combustíveis fósseis e nas emissões de CO2. Esse relatório apresenta o caso claro de uma ação forte e rápida."
"Cortar o metano não nos libera de fazer a transição energética justa. Mas cortar o metano é um fruto acessível enquanto trabalhamos na descarbonização geral de nossas economias em conjunto com o apoio de nossas sociedades para construir maior resiliência. Investimentos em manutenção e mudanças operacionais que evitam que o metano vaze para a atmosfera são uma fração dos lucros obtidos com os combustíveis fósseis. Isso contrasta fortemente com o custo da inação, desde perdas de produtividade nas lavouras até impactos na saúde humana e na economia", disse Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA.
"Sabemos o que fazer, temos os meios para o fazer", ela acrescentou. "Há um sistema de apoio em vigor para ajudar os países a desenvolver roteiros, políticas e regulamentos, e para fornecer aos países e às empresas dados confiáveis para impulsionar a redução das emissões. Temos que fazer isso agora."
O relatório foi lançado na Semana do Clima MENA 2023, um fórum para líderes discutirem questões climáticas e energéticas no Oriente Médio e no Norte da África durante o processo de Levantamento Global. Esse processo vai culminar na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28), em Dubai.
O metano é um poderoso gás de efeito estufa, responsável por cerca de 30% do aumento da temperatura global desde a Revolução Industrial; ele é o segundo maior contribuinte para o aquecimento global depois do CO2. Mais da metade das emissões globais vêm de atividades humanas em três setores: agricultura, resíduos e combustíveis fósseis.
De acordo com as trajetórias atuais, as emissões totais de metano das atividades humanas podem aumentar em até 13% entre 2020 e 2030. Em um cenário que limita o aquecimento a 1,5 °C, eles precisam cair de 30% a 60% nesse período. Os cortes nas emissões de metano das operações de combustíveis fósseis provavelmente precisarão fornecer cerca de metade dessa redução.
Mais de três quartos das emissões de metano das operações de petróleo e gás e metade das emissões do carvão podem ser reduzidas com a tecnologia já existente, muitas vezes a baixo custo.
Combater as emissões de metano é uma das formas mais econômicas de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Cerca de US$ 75 bilhões são necessários até 2030 para implementar todas as medidas de redução de metano no setor de petróleo e gás no cenário zero emissões líquidas de carbono da AIE, segundo o relatório. Isso equivale a menos de 2% da receita gerada pela indústria de petróleo e gás em 2022.
NOTAS AOS EDITORES
Mais informações sobre as medidas que a indústria de combustíveis fósseis pode tomar para reduzir as emissões de metano nesta década podem ser encontradas no relatório da AIE Reduzindo as Emissões de Metano das Operações de Combustíveis Fósseis, enquanto o Rastreador Global de Metano da IEA analisa dados e tendências anuais. A última edição descobriu que a indústria global de energia foi responsável por liberar quantidades quase recordes de metano na atmosfera em 2022. No entanto, há um impulso político crescente para combater essas emissões.
Mais informações sobre o progresso em direção ao Compromisso Global do Metano podem ser encontradas aqui.
Sobre a Agência Internacional de Energia (AIE)
A Agência Internacional de Energia, a autoridade global de energia, foi fundada em 1974 para ajudar seus países membros a coordenar uma resposta coletiva a grandes interrupções no fornecimento de petróleo. Sua missão evoluiu e hoje se baseia em três pilares principais: trabalhar para garantir a segurança energética global; expandir a cooperação e o diálogo energéticos em todo o mundo; e promover um futuro energético ambientalmente sustentável.
Sobre a Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC)
A Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC) convocada pelo PNUMA é uma parceria voluntária de mais de 160 governos, organizações intergovernamentais e organizações não-governamentais fundada em 2012. É o único organismo internacional que trabalha para reduzir poluentes climáticos poderosos, mas de curta duração (SLCPs) – metano, carbono negro, hidrofluorcarbonetos (HFCs) e ozônio troposférico – que impulsionam as mudanças climáticas e a poluição do ar.
Sobre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Proporciona liderança e incentiva a parceria no cuidado com o meio ambiente ao inspirar, informar e permitir que nações e povos melhorem sua qualidade de vida sem comprometer a qualidade de vida das gerações futuras.
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press@iea.org, Assessoria de Imprensa do IEA
Unidade de Notícias e Mídia, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente