Hoje, o lançamento do Observatório Global de Resfriamento 2023 destaca a importância de alternativas de resfriamento passivo para condicionadores de ar que consomem muita energia.
O relatório, produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), aponta que até 2050 a capacidade instalada global de equipamentos de refrigeração triplicará, resultando em mais do que dobrar o consumo de eletricidade.
O resfriamento é um fardo duplo para o clima: aparelhos de ar condicionado e refrigeradores têm emissões indiretas do consumo de eletricidade e emissões diretas de liberação de gases refrigeradores, a maioria dos quais é muito mais potente para aquecer o planeta do que o carbono.
Até 2050, a menos que a humanidade reduza drasticamente suas emissões de gases de efeito estufa que alteram o clima, cerca de 1.000 cidades experimentarão máximas médias de verão de 35°C, quase o triplo do número atual. A população urbana exposta a essas altas temperaturas pode aumentar em 800%, chegando a 1,6 bilhão em meados do século.
No ano passado, o PNUMA lançou o Nature for Cool Cities Challenge como parte da Cool Coalition, uma rede global, que conecta mais de 80 parceiros, que visa a impulsionar uma rápida transição global para um resfriamento eficiente e favorável ao clima.
Então, quais são algumas alternativas ao ar-condicionado que podem ajudar a manter as pessoas refrescadas sem levar a um aumento nas emissões? Aqui estão cinco exemplos de todo o mundo.
Técnicas tradicionais resfriam escola em Burkina Faso
Localizada na periferia empoeirada da cidade de Koudougou, Burkina Faso, a Escola Secundária Schorge mostra o que é possível quando os construtores misturam técnicas tradicionais e novos materiais. A escola é composta por nove módulos dispostos em torno de um pátio central, protegendo o espaço central do vento e da poeira. Cada módulo é construído com tijolos de laterita de origem local, que absorvem o calor durante o dia e o irradiam à noite. Uma fachada secundária feita de madeira de eucalipto local envolve as salas de aula como um tecido transparente e cria espaços sombreados para proteger os alunos das temperaturas diurnas sufocantes.
Telhados brancos salvam vidas na Índia
Após uma intensa onda de calor em 2010, Ahmedabad, na Índia, desenvolveu um plano para controlar as temperaturas, que aumentam nos meses que antecedem a monção anual. Cerca de 7.000 famílias de baixa renda viram seus telhados serem pintados de branco, um passo simples que reduz drasticamente as temperaturas internas ao refletir a luz solar. A cidade também plantou árvores e forneceu água gratuita à população, em um esforço que salva cerca de 1.100 vidas por ano. Ahmedabad serviu de modelo para outras 30 cidades na Índia, as quais lançaram ou estão desenvolvendo planos de resfriamento semelhantes.
Maldivas recorre a sombreamento, isolamento térmico para vencer o calor
As Maldivas estão na linha de frente da crise climática, com o aumento do nível do mar e o aumento das temperaturas devastando o país de baixa altitude. O Ministério do Meio Ambiente – com apoio do PNUMA – tem trabalhado para garantir que os moradores possam se manter refrescados sem aumentar o consumo de energia elétrica. A peça central desse esforço é a construção do edifício dos Serviços Meteorológicos das Maldivas na cidade de Addu. Com base nas diretrizes desenvolvidas pelo PNUMA, ele enfatiza medidas de resfriamento passivo, usando sombreamento, isolamento térmico e até mesmo sua orientação para manter as temperaturas baixas.
Padrões de construção podem oferecer alívio do calor no Camboja
No Camboja, a demanda por resfriamento de edifícios deve dobrar entre 2020 e 2040. O PNUMA e a Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia e o Pacífico (UN ESCAP) estão trabalhando com dois promotores imobiliários para conter essa tendência. Os parceiros estão testando a eficácia de medidas de resfriamento passivo, como isolamento térmico, sombreamento e design de telhado. Em última análise, o projeto visa a integrar as estratégias mais bem-sucedidas nos regulamentos nacionais de construção e nos padrões de planejamento urbano, reduzindo a demanda de energia para resfriamento e, ao mesmo tempo, trazendo alívio de calor para os ocupantes do edifício.
Um córrego revitalizado reduz as temperaturas na República da Coreia
O córrego Cheonggyecheon, de 11 km, no centro de Seul, ficou escondido sob uma estrada de 10 pistas e uma autoestrada elevada de quatro pistas até 2005, quando o governo local desmantelou a infraestrutura e revitalizou o córrego. Isso reduziu o efeito ilha de calor que a cidade sofre, com temperaturas ao longo do córrego de 3,3°C a 5,9°C mais frias do que em uma estrada paralela a poucos quarteirões de distância. O projeto ilustra o profundo efeito que as soluções naturais podem ter sobre as temperaturas urbanas.
A 28ª sessão da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP28) acontece de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Ela visa a impulsionar a ação contra as mudanças climáticas, reduzindo as emissões e interrompendo o aquecimento global. A COP28 explorará os resultados do primeiro Balanço Global, que avalia o progresso em direção à meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a menos de 1,5°C. Você pode acompanhar as atualizações ao vivo da COP28 no feed de ação climática do PNUMA.