Photo: Tompkins Conservation
12 Jan 2022 Reportagem Nature Action

Onças-pintadas são reintroduzidas na natureza e ajudam a promover restauração

Photo: Tompkins Conservation

Pela primeira vez na história, um macho da espécie onça-pintada foi solto nos vastos pântanos de Iberá, na Argentina, abrindo caminho para a sua reprodução na natureza. 

Jatobazinho, a onça-pintada adulta (Panthera onca), foi solto no primeiro dia de 2022 pela Rewilding Argentina, herdeira do legado da Tompkins Conservation e liderada por Kristine Tompkins, Patrona do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente(PNUMA) para Áreas Protegidas.

O programa de reintrodução em Iberá busca recuperar o papel ecológico de seu maior predador, a onça-pintada, em um país onde as espécies já perderam mais de 95% de seu habitat natural. No Centro de Reintrodução de Onças do Parque Iberá (Centro de Reintroducción del Yaguareté, em espanhol), Jatobazinho procriou com fêmeas e gerou quatro filhotes de onça-pintada que foram soltos com as mães em 2021, logo após a libertação de uma fêmea adulta em setembro de 2021.

https://www.youtube.com/watch?v=Tcd9oAFfKOE

No último mês, o PNUMA, em conjunto com parceiros, lançou oficialmente o projeto de conservação de onças-pintadas no Panamá, onde 40% do habitat desse felino foi perdido devido ao aumento da urbanização, de projetos de infraestrutura, da agricultura e da pecuária. 

O projeto, desenvolvido com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), é o maior esforço para a conservação de onças-pintadas no país. O objetivo é reduzir o declínio de espécies por meio de mecanismos antipredação para evitar o conflito entre humanos e onças. As estratégias antipredação ajudam a proteger o gado desses felinos e podem incluir cercas elétricas, monitoramento por câmera e tecnologia GPS, manejo estratégico de pastagens e mudanças no padrão de rotação de gado.

Os esforços de conservação da biodiversidade do PNUMA e outros programas são mais pertinentes agora do que nunca, dada a atual crise ecológica. Como aponta o relatório do PNUMA de 2021, Fazer as Pazes com a Natureza, as espécies estão sendo extintas atualmente entre dez a cem vezes mais rápido do que a taxa natural.

The male jaguar, Jatobazinho, just released into the wild.
Jatobazinho, o primeiro macho da espécie a ser solto no parque Iberá, uma área protegida de 688 mil hectares, que oferece uma abundância de presas selvagens para grandes felinos. Foto: Rewilding Argentina

Das oito milhões de espécies de plantas e animais estimadas no mundo, cerca de um milhão está ameaçada de extinção. O tamanho da população de vertebrados selvagens diminuiu cerca de 68% nos últimos 50 anos, e a população de muitas espécies de insetos selvagens caiu em mais da metade.

A natureza selvagem é nossa melhor aliada na luta para estabilizar o clima.

Thais Narciso, Especialista do PNUMA

“Precisamos transformar nossa relação com a natureza”, afirma Thais Narciso, especialista de uso da terra do PNUMA; “Proteger e restaurar a natureza é a opção com maior custo-benefício para a luta pela estabilidade climática. Os seres humanos são fundamentalmente dependentes de ecossistemas e habitats saudáveis que permitirão que espécies selvagens sobrevivam, mas o sucesso depende do apoio de comunidades locais, governanças e estratégias de financiamento que possam desbloquear fundos nacionais, internacionais e do setor privado de forma coesa”.  

Apesar de as áreas protegidas terem crescido consideravelmente entre 2010 e 2020, o Relatório Planeta Protegido 2020 do PNUMA constata que a comunidade internacional ficou longe de cumprir os compromissos referentes à qualidade dessas áreas. Observa-se ainda que um terço das principais áreas de biodiversidade carece de qualquer cobertura, e menos de 8% do solo está protegido e conectado. 

Em agosto de 2021, o Segmento de Alto Nível realizado antes da 15º Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP15) reiterou a urgência de reverter a perda de biodiversidade até 2030 para enfrentar as crises interdependentes de perda de biodiversidade, degradação dos ecossistemas e mudança climática, e alcançar um desenvolvimento sustentável.

A estratégia de biodiversidade pós-2020, prevista para adoção em Kunming, China, na segunda fase da COP15 em 2022, fornece uma visão estratégica e um roteiro global para a conservação, proteção, restauração e gestão sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas para a próxima década.  

Espécies-chave, como a onça-pintada, o maior felino das Américas, desempenham um papel fundamental na estrutura e funcionamento dos ecossistemas.

Sua reintrodução provoca a restauração da saúde e da integridade, que são componentes essenciais na mitigação da mudança climática e da perda global de biodiversidade.

 

A Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e parceiros, abrange ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos. Um chamado global à ação, a convocação reúne apoio político, pesquisa científica e força financeira para ampliar intensamente a restauração. Descubra como contribuir para a Década da ONU.

Para mais informações, entre em contato com Thais Narciso: thais.narciso@un.org