Na década de 1980, a região montanhosa de Qianyanzhou, na província de Jiangxi, sul da China, enfrentou uma severa erosão do solo devido ao desmatamento e a práticas agrícolas insustentáveis. O solo vermelho fértil estava desaparecendo, o que fez com que os rendimentos das colheitas caíssem.
Mas uma mudança notável ocorreu nos últimos 30 anos graças a um plano de uso da terra apoiado pelo governo chinês que reflorestou montanhas superiores, plantou pomares cítricos em declives moderados e arrozais nos fundos dos vales. Em poucos anos, esse mosaico de uso sustentável da terra passou a gerar rendas mais altas. A biodiversidade e a qualidade ambiental, assim como o microclima, melhoraram.
No início de novembro de 2018, o chefe do setor de água doce, terra e clima da ONU Meio Ambiente, Tim Christopherson, juntamente com sua colega Xiaoqiong Li, visitou vários locais na região para entender melhor como funciona a restauração ecológica em larga escala.
Huimin Wang, diretor de uma estação de pesquisa ecológica em Ji’an, na região de Qianyanzhou, informou às Nações Unidas sobre o problema existente anteriormente e o papel do centro na restauração da paisagem.
“Trinta anos atrás, essa área estava desnudada de árvores e vulnerável a deslizamentos de terra. Os barrancos de erosão lavaram o solo vermelho fértil”, diz Wang.
“Montamos essa estação de pesquisa ecológica para descobrir a melhor forma de restaurar a terra. Reunimos especialistas de todo o mundo, inclusive da Agência Federal para a Conservação da Natureza da Alemanha.”
A pesquisa focou na otimização da estrutura da floresta e em como melhorar seus serviços ecossistêmicos; na estrutura e funções da ecologia florestal; na promoção do ciclo de carbono, de água e nutrientes em ecossistemas florestais sob as mudanças climáticas; e em um modelo de atualização de Qianyanzhou a ser alcançado, melhorando os benefícios ecológicos e econômicos na bacia hidrográfica.
Outro elemento-chave do processo de restauração foi o agro-florestamento, apoiado pelo governo local: os agricultores continuaram a cultivar grãos como amendoim, gergelim e legumes entre os pomares restaurados e criaram galinhas Silkie (de ossos pretos e plumagem fofa) em pomares e plantações florestais. Isso garantiu o retorno econômico nos estágios iniciais do projeto e ajudou a melhorar a fertilidade do solo. Além de construir represas e lagoas, as agências governamentais forneceram empréstimos às famílias para ajudá-las a começar.
História de sucesso
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 21,9%, ou 206.861.000 hectares da China, foram reflorestados em 2010. Em apenas uma década, a iniciativa de restauração de Qianyanzhou e ações semelhantes em todo o país aumentaram a área florestal total da China em 74,3 milhões de hectares. A cobertura florestal de Qianyanzhou aumentou de 0,43% para quase 70%.
“Qianyanzhou é uma história de sucesso de restauração em larga escala que vale a pena aprender”, diz Tim Christophersen, da ONU Meio Ambiente. “Espero que o governo da China continue compartilhando as lições aprendidas aqui e em outras províncias e continue investindo na restauração do clima, da biodiversidade e nos benefícios econômicos”.
Os esforços de restauração de Qianyanzhou ajudaram a região e o país a dar um grande passo na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em particular os Objetivos 1 (erradicação da pobreza), 6 (água e saneamento), 8 (trabalho decente e crescimento econômico), 12 (consumo e produção responsáveis), e 15 (vida terrestre), bem como o Desafio de Bonn e a Declaração de Nova Iorque sobre Florestas, todos os quais se enquadram no programa de trabalho da ONU Meio Ambiente.
As florestas são uma importante e necessária frente de ação na luta global contra as mudanças climáticas catastróficas, graças à sua incomparável capacidade de absorver e armazenar carbono. As florestas capturam dióxido de carbono a uma taxa equivalente a cerca de um terço da quantidade liberada anualmente pela queima de combustíveis fósseis. Parar o desmatamento e restaurar as florestas danificadas, portanto, poderia fornecer até 30% da solução climática.
O Programa Colaborativo das Nações Unidas para Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal em Países em Desenvolvimento (Programa UN-REDD) foi lançado em 2008 e se baseia no papel de convocação e perícia técnica da FAO, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e ONU Meio Ambiente.
Para mais informações, entre em contato com:
Flora Pereira, Gerente de Comunicação e Informação Pública, ONU Meio Ambiente no Brasil