As baleias são conhecidas por serem as maiores e mais inteligentes criaturas do oceano. Além disso, os biólogos marinhos recentemente descobriram que elas também capturam toneladas de carbono da atmosfera, um serviço com valor econômico de US$ 1 trilhão para todas as baleias[1], de acordo com um estudo publicado pelo Fundo Monetário Internacional.
Até agora, a proteção das baleias era vista como uma boa ação. Mas a pesquisa do Fundo Monetário Internacional aponta que a proteção de baleias tem também um incentivo monetário, já que estes animais são uma importante solução baseada na natureza para capturar carbono de emissões humanas.
Segundo o relatório, "o potencial de captura de carbono das baleias é realmente surpreendente. [...] Nossas estimativas conservadoras colocam o valor da baleia média, com base em suas diversas atividades, em mais de US$ 2 milhões e facilmente mais de US$ 1 trilhão referente à população atual de baleias".
Durante suas longas vidas, que podem se estender por 200 anos, as baleias acumulam carbono em seus corpos. Quando morrem, submergem ao fundo do oceano, levando o carbono com elas. Segundo o estudo, cada baleia captura cerca de 33 toneladas de dióxido de carbono em média. Uma árvore, durante o mesmo período, contribue apenas para 3% da absorção de carbono de uma baleia.
Além disso, onde encontramos baleias, encontramos também fitoplâncton. Essas pequenas criaturas contribuem com pelo menos 50% de todo o oxigênio da nossa atmosfera, ou seja, fornecem metade do ar que respiramos. Eles também capturam cerca de 37 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente a quatro florestas da Amazônia. Excremento de baleia tem um efeito multiplicador no fitoplâncton, pois contém ferro e nitrogênio, os elementos que o fitoplâncton precisa para crescer; então, quanto mais baleias, mais oxigênio.
“As conclusões do relatório do Fundo Monetário Internacional claramente mostram as conexões surpreendentes entre alguns dos maiores e menores organismos do nosso planeta e a importância de entender essas complexas relações, não apenas pelo seu valor intrínseco, mas pelo papel crucial que a natureza desempenha para a manutenção da nossa vida”, disse Doreen Robinson, especialista em vida selvagem no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
As populações de baleias hoje são uma fração do que foram um dia. Biólogos estimam que haja pouco mais de 1,3 milhão de baleias no oceano, um quarto da população de 4 a 5 milhões de antes do início da caça comercial. Algumas espécies mostram diminuições dramáticas, como o caso da baleia azul, cuja população é 3% do que era. Para preservar e proteger as populações de baleias, devemos reduzir os muitos perigos para elas presentes nos nossos oceanos.
Uma maneira de fazer isso seria aplicar o modelo do Programa UN-REDD de proteção florestal. Reconhecendo que o desmatamento é responsável por 17% das emissões de carbono, o Programa UN-REDD incentiva países a preservar suas florestas como forma de manter o dióxido de carbono fora da atmosfera.
"De maneira semelhante, podemos criar mecanismos financeiros para promover a restauração das populações de baleias do mundo", disseram os autores do relatório. “Incentivos como subsídios ou outras formas de compensações podem ajudar aqueles que incorrem em custos significativos por proteger as baleias. Por exemplo, as empresas de transporte poderiam ser compensadas pelos custos da alteração de rotas de transporte que reduziriam o risco de colisões”.
Com o Acordo de Paris entrando em vigor ano que vem, e os efeitos das mudanças climáticas cada vez mais presentes, devemos prevenir ou reverter agora os danos às populações de baleias globalmente. Os pesquisadores estimam que, a menos que sejam criados novos métodos, levaria mais de 30 anos para dobrar o número atual de baleias e várias gerações para retomar os valores anteriores à caça comercial. "A sociedade e nossa própria sobrevivência não podem esperar tanto tempo", disseram eles.
[1] N.T. O termo baleia aqui refere-se às baleias reguladas pela Comissão Baleeira Internacional: https://iwc.int/lives.
