A poluição é uma praga em nosso ar, nossa terra e nossa água. E é uma praga que nós, a humanidade, criamos por meio da má gestão de recursos naturais, produtos químicos e resíduos. Os impactos dessa má gestão abrangem a tríplice crise planetária.
A poluição está intimamente ligada às mudanças climáticas – com metano, ozônio troposférico e escapamentos de veículos contribuindo para ambas as crises. A poluição está intimamente ligada à perda de biodiversidade, como um dos cinco principais fatores de mudanças na natureza nos últimos 50 anos. A poluição é uma enorme ameaça à agenda One Health – da poluição do ar mortal ao envenenamento por chumbo e mercúrio, da resistência antimicrobiana a poluentes orgânicos persistentes
Todas essas formas de poluição são uma violação do direito humano a um meio ambiente saudável.
Temos muito trabalho pela frente para cumprir nossa ambição de poluição zero. Mas a comunidade internacional está mobilizada para tomar medidas ambiciosas.
Ano passado, após uma longa campanha liderada pelo PNUMA, o mundo finalmente eliminou o chumbo na gasolina, uma medida que salvará muitas vidas. Neste, estou confiante que será o primeiro de uma longa linha de sucessos nas próximas décadas, porque há movimento em muitas frentes.
O Plano de Ação de Poluição Zero da União Europeia pode levar a mudanças sistêmicas como parte do Pacto Verde Europeu. Obrigada a Virginijus Sinkevičius, Comissário Europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, por este trabalho. A UNEA, em sua terceira sessão, estabeleceu uma ambição global em direção a um planeta livre de poluição – que agora está incorporado em nosso trabalho sobre produtos químicos e poluição.
As convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo estão fazendo um trabalho incrivelmente valioso e têm feito progressos reais. Além disso, o setor privado está progredindo por meio do Compromisso Global da Nova Economia do Plástico. O relatório de progresso de 2021 da Ellen MacArthur Foundation encontrou uma redução de 2% na quantidade absoluta de plástico virgem consumido pelos signatários, em comparação com 2018. Pequenos passos, que devem se tornar largas passadas – mas ainda assim progresso.
E, claro, nesta UNEA temos um acordo global histórico sobre poluição plástica na mesa.
Agora, devemos dar os próximos passos para acabar com a poluição. Mas como?
Podemos começar implementando e fazendo cumprir as leis e legislações existentes, que já cobrem muitos poluentes. Por exemplo, mais de 100 países introduziram legislações sobre a poluição do ar. No entanto, as pessoas ainda estão morrendo. As nações podem dar seguimento transformando o recém-reconhecido direito humano a um meio ambiente saudável em legislação nacional que aborde todas as formas de poluição.
É claro que a resolução da UNEA, que cria um Comitê Internacional de Negociação sobre um acordo global de poluição por plástico, é um grande passo à frente. Aguardo com expectativa a sua aprovação nesta quarta-feira. Este acordo poderia definir um modelo de ação em outros setores poluentes – como energia, transporte e construção. Os mesmos princípios se aplicam a todos os setores poluidores: use uma abordagem de ciclo de vida, seja totalmente circular e mude os modelos de negócios e finanças.
Colegas, é hora de fazer movimentos mais ousados.
Nesta histórica UNEA, temos a resolução sobre a poluição plástica. Uma resolução sobre gerenciamento seguro de químicos. Uma resolução para criar um painel de política científica focada em produtos químicos, poluição e resíduos, e preencher lacunas de conhecimento.
Assim que essas resoluções forem adotadas, temos de as avançar com urgência. Porque cada semana de atraso significa pessoas morrendo. Cada mês de atraso significa que a saúde de nossos ecossistemas vitais está falhando. Cada ano de atraso significa que nosso clima está aquecendo.
Temos uma ambição de poluição zero. Cada governo, cada empresa, cada investidor, cada organização e cada indivíduo tem a responsabilidade de agir para alcançá-lo.
Obrigada.