Ministra Catherine Colonna, Ministra para a Europa e das Relações Exteriores da França
Christophe Béchu, Ministro da Transição Ecológica e Coesão Territorial da França
Meus agradecimentos ao governo da França por sediar este evento de alto nível.
Estamos nos reunindo antes da segunda rodada de negociações sobre o acordo global para acabar com a poluição plástica. Essas negociações são fundamentais, pois definiremos o mandato e o caminho para um acordo, e isso é muito importante. Porque o acordo é, obviamente, fundamental para acabar com a poluição plástica que está prejudicando o mundo natural, os oceanos, a saúde humana e o clima.
Hoje, os diálogos de liderança se concentrarão na circularidade e no gerenciamento de resíduos. É claro que isso é importante. Mas também gostaria de enfatizar que a jornada para um mundo livre de poluição começa com a redução do tamanho do problema. Porque uma coisa é certa: não podemos reciclar para sair dessa bagunça. A infraestrutura atual de reciclagem e gerenciamento de resíduos não consegue lidar com o volume de plástico que a economia linear está produzindo todos os dias de forma descuidada e desnecessária. Ela nunca será capaz de lidar com isso, a menos que menos plástico saia do sistema.
Então, o que queremos ver nesse acordo? O acordo deve adotar uma abordagem de ciclo de vida completo que reduza o tamanho do problema. Trata-se de um redesenho. Redesenhar os produtos para que eles não precisem incluir plástico ou ser entregues em plástico. Por que transportar água? Por que não transportar sólidos ou pó seco? Faça com que nossos engenheiros reprojetem os produtos que envelopamos em plástico. Redesenhe as embalagens para evitar o uso de plástico ou para usar menos plástico. Redesenhe os sistemas e os produtos para que o direito de reparo, reutilização, recarga e/ou reciclagem possa ser realizado, mas lembre-se de que se trata de reciclar tudo, não apenas os 9% que fazemos agora. Reformular regras e incentivos. É absurdo que o que retiramos do ventre da terra, ou seja, o novo polímero bruto, seja mais barato do que o polímero reciclado. Isso precisa mudar. Redesenhar o sistema mais amplo de justiça - para que os catadores de lixo informais, o que é chamado de Força Verde no Sri Lanka, e outras comunidades vulneráveis não sejam deixados para trás, mas ganhem empregos decentes e o direito a um ambiente limpo, saudável e sustentável, agora consagrado pela Assembleia Geral da ONU.
Com o redesenho correto, reduzimos o plástico em geral. Se o redesenho for bem feito, nossos produtos serão desliquidificados e poderão ser entregues com materiais não plásticos. Com o redesenho correto, criamos mercados para produtos consertados, recarregáveis e reutilizáveis. Se o redesenho for bem feito, o polímero reciclado será um material valioso, valorizado e guardado por empresas, residências e governos. Com o redesenho correto, aumentaremos enormemente a reciclagem.
Com o redesenho correto, produziremos alternativas plásticas sustentáveis e seguras.
Se o redesenho for bem feito, com novos investimentos, o gerenciamento de resíduos se tornará, bem, gerenciável.
Com o redesenho correto, uma nova economia é criada. Empregos são criados. Oportunidades são criadas. Uma economia limpa e lucrativa na qual os interesses das comunidades locais, dos povos indígenas e dos trabalhadores informais do setor de resíduos são garantidos, sem que ninguém seja deixado para trás.
Em um recente artigo de opinião de Paul Polman, o ex-CEO da Unilever declarou, e eu cito: "Como era de se esperar, algumas empresas estão fazendo muito lobby para minar as negociações, lideradas por petroquímicos e combustíveis fósseis. Não é segredo que, à medida que nossas sociedades adotam a energia renovável com mais entusiasmo, muitos dos combustíveis fósseis veem o setor de plástico em rápido crescimento como um bote salva-vidas." Eu disse ontem: não entrem nesse bote salva-vidas. Porque ele vai virar. Em vez disso, direcione seu barco para soluções que visem a águas cristalinas e praias arenosas livres de detritos plásticos. E aqui, é claro, precisamos ter certeza de que não nos afastaremos do legado de plástico que continuará a aparecer em muitas praias por décadas depois de fecharmos a torneira do plástico.
Portanto, digo a todos: façam parte dessa mudança, porque a mudança está chegando. Todos - de todos os setores e de todos os estilos de vida - devem demonstrar ambição, determinação e inovação. Nós nos metemos nessa confusão. Agora temos a chance de começar a trilhar o caminho das soluções. A partir de hoje.
Portanto, pergunto: com o que você se comprometerá hoje?
Obrigada.
