No dia 2 de março, em um salão de conferências lotado no Quênia, o Ministro do Meio Ambiente norueguês, Espen Barth Eide, bateu um martelo de plástico reciclado seguido de um coro de aplausos.
A martelada marcou a aprovação de uma resolução global para que se iniciem os trabalhos em direção ao fim da poluição plástica, considerada há muito tempo uma das mais urgentes ameaças ambientais do planeta.
O acordo foi um dos vários grandes pactos firmados em 2022, que foi chamado pelos observadores de um ano histórico para o planeta. Em pactos que se desenrolaram de março a dezembro, nações grandes e pequenas se comprometeram a enfrentar tudo, desde as consequências da mudança climática até uma crise de extinção iminente.
Os acordos, muitos liderados pelo PNUMA, vieram em um momento crítico para a Terra. Uma tripla crise de mudança climática, perda da natureza e da biodiversidade, e poluição e desperdício, ameaça debilitar toda a vida no planeta, alertam os especialistas.
Aqui estão alguns dos marcos ambientais de 2022.
O Mundo se compromete em acabar com a poluição plástica
Março
Cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos são produzidos a cada ano - um número previsto para dobrar até 2040. Apenas uma fração disso é reciclada e muito vaza para o meio ambiente, incluindo para o oceano, onde causa uma série de problemas para os seres humanos e a vida selvagem.
Para combater isso, em março os estados concordaram em iniciar negociações sobre um acordo internacional juridicamente vinculante para acabar com a poluição plástica. A resolução, tomada na Assembleia do Meio Ambiente das Nações Unidas em Nairóbi, Quênia, comprometeu as nações a ter uma versão preliminar do acordo em vigor até o final de 2024.
Inger Andersen, diretora executiva do PNUMA, o chamou de o acordo multilateral ambiental mais significativo desde o acordo de Paris sobre mudança climática. "Hoje comemoramos um triunfo do Planeta Terra", disse ela.
PNUMA celebra cinco décadas na liderança ambiental
Março
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Delegações do mundo inteiro se reuniram no Quênia para uma sessão especial da Assembleia das Nações Unidas para comemorar o 50º aniversário do PNUMA. O evento viu os participantes fazerem um levantamento de tudo o que foi alcançado nas últimas cinco décadas, incluindo os esforços para reparar a camada de ozônio, eliminar gradualmente o combustível com chumbo e proteger as espécies ameaçadas de extinção. O evento também olhou para o futuro, examinando maneiras pelas quais o PNUMA pode apoiar o desenvolvimento sustentável nos próximos anos.
Países comemoram o início do movimento ambiental global
Junho
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A reunião internacional Estocolmo+50, realizado na capital da Suécia, foi uma comemoração dos 50 anos da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano de 1972, considerada onde o movimento ambiental moderno nasceu. Era também um momento para focar em formas de acelerar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e para enfrentar a tripla crise planetária da mudança climática, da perda da natureza e da biodiversidade, e da poluição e resíduos.
ONU consagra o meio ambiente saudável como um direito humano
Julho
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A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que o meio ambiente limpo e saudável é um direito humano e pediu aos Estados que intensifiquem os esforços para proteger a natureza. A resolução não é juridicamente vinculante. Mas os apoiadores esperam que ela pressione os países a consagrar o direito a um meio ambiente saudável em suas constituições, permitindo que os defensores da campanha contestem políticas e projetos prejudiciais ao meio ambiente.
"Esta resolução envia um recado de que ninguém pode tirar de nós a natureza, ar e água limpos ou um clima estável - ao menos não sem uma luta", disse Inger Andersen do PNUMA.
O mundo toma consciência dos desafios ambientais
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Nesse ano, as campanhas do PNUMA conscientizaram a população sobre uma série de questões ambientais. O Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia Internacional do Ar Limpo para um Céu Azul e o Dia Internacional de Conscientização sobre Perda e Desperdício de Alimentos engajou milhões de pessoas ao redor do mundo, ajudando a colocar o meio ambiente na frente e no centro da mente do público. Enquanto isso, dois grandes estudos do PNUMA, o Relatório sobre a Lacuna de Emissões e o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação, lançam um olhar sobre a magnitude da crise climática e sobre o que a humanidade deve fazer para evitar o seu pior.
Países se comprometem com fundo financeiro histórico para a mudança climática
Novembro
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Na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27) no Egito, os Estados concordaram em estabelecer um fundo financeiro que apoiará os países em desenvolvimento a lidar com as consequências da crise climática. Em um acordo chamado histórico, o chamado fundo de perdas e danos ajudaria nações vulneráveis a enfrentarem secas, enchentes e o aumento do nível dos mares, que devem se tornar mais severas à medida que o clima do planeta muda.
O fundo era visto há muito tempo como uma das questões mais polêmicas nas negociações climáticas.
"Esta COP deu um passo importante em direção à justiça", disse o Secretário-geral da ONU, António Guterres. "Claramente isto não será suficiente, mas é um sinal político muito necessário para reconstruir a confiança quebrada".
Países prometem proteger a biodiversidade degradada
Dezembro
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A Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP15) terminou em Montreal, Canadá, em 19 de dezembro de 2022, com um acordo histórico para orientar a ação global em relação à natureza até 2030. O Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal inclui medidas concretas para deter e reverter a perda da natureza, incluindo a colocação de 30% do planeta e 30% dos ecossistemas degradados sob proteção até 2030. Ela foi projetada para combater a alarmante perda da biodiversidade, conforme os especialistas. Um relatório seminal de 2019 constatou que 1 milhão de espécies estão sendo empurradas para a extinção, muitas delas pela atividade humana.
Próximos passos
O próximo ano está se moldando como um ano agitado para o movimento ambientalista global. Em março, a Conferência da ONU sobre Água de 2023 será realizada em Nova York, EUA. Em abril, os delegados se reunirão em Hanói, Vietnã, para examinar como a produção de alimentos pode se tornar mais sustentável. Em maio, os negociadores se reunirão em Paris para a segunda sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação para desenvolver um instrumento internacional juridicamente vinculante sobre poluição plástica, inclusive no ambiente marinho. E em novembro, os líderes mundiais deverão se reunir em Dubai, Emirados Árabes Unidos, para a última edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP28.