As soluções baseadas na natureza estão surgindo como uma das principais maneiras de enfrentar a tripla crise planetária de mudança climática, perda de natureza e biodiversidade e poluição e resíduos. Essas soluções têm como base ações adaptadas ao contexto local que proporcionam o bem-estar humano, além dos benefícios à biodiversidade por meio da proteção, gerenciamento sustentável e restauração de ecossistemas. Por exemplo, a restauração de florestas locais é capaz de conservar a biodiversidade, enquanto protege as comunidades de catástrofes climáticas e erosão do solo.
Mas a natureza, e as soluções que ela oferece, estão em apuros. Estamos perdendo espécies a uma taxa 1.000 vezes maior do que em qualquer outro momento da história humana registrada e um milhão de espécies estão em extinção.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) Fazer as Pazes com a Natureza revela que o impacto humano já atinge 3/4 dos solos e 2/3 dos oceanos e que muitos dos serviços essenciais que os ecossistemas fornecem ao bem-estar humano estão sendo destruídos.
Diante dessa crise, o planeta trabalha rumo a um ambicioso e efetivo Quadro Global de Biodiversidade Pós-2020, como destacado recentemente na Conferência de Biodiversidade da ONU (CDB) em Kunming, na China.
Com o atual quadro global, conhecimentos e dados eficientes e de alta qualidade serão mais essenciais que nunca, pois são fundamentais para entender desafios, formular respostas e monitorar os avanços nos níveis nacional, regional e global.
A coleta de dados nacionais de diversos ministérios e outras fontes oficiais pode ser desafiadora. Mas essas informações são cruciais para reverter a perda da biodiversidade que ameaça os sistemas naturais de apoio ao planeta. É aqui que entra a DaRT.
A Data Reporting Tool ou DaRT (Ferramenta de registro de dados, na tradução literal) do PNUMA permite que as Partes entrem em Acordos Ambientais Multilaterais (MEAs, na sigla em inglês) para a coleta e o registro de dados em um único espaço e o compartilhamento entre ministérios e outros órgãos para um melhor monitoramento do avanço em direção às novas metas para a biodiversidade.
A DaRT visa o fortalecimento da compreensão dos países sobre a relação entre a biodiversidade global, o desenvolvimento sustentável e as agendas da saúde. A ferramenta une objetivos e metas estratégicas de diversas convenções e informações provenientes de outros recursos e fontes — como as elaboradas pelo UNEP-WCMC e o Biodiversity Indicators Partnership (Parceria de Indicadores de Biodiversidade, na tradução literal) — para sintetizar a informação, eliminar lacunas de conhecimentos e, por fim, melhorar a eficiência.
Com apoio do governo suíço e da União Europeia, a DaRT oferece uma maneira de compilar os indicadores nacionais, monitorar planos estratégicos e traçar um panorama das tendências globais.
Desde que a ferramenta foi lançada em março de 2019, 15 países já aderiram ao uso de uma área de trabalho nacional na plataforma DaRT, ao passo que o website já recebeu visitas de usuários de 134 países. No objetivo de promover a adesão em outros países, o PNUMA oferece webinários e workshops, com a participação de partes interessadas nacionais, para o estabelecimento de áreas de trabalho comuns em nível nacional na ferramenta.
A DaRT possibilita que os países fortaleçam a cooperação entre os ministérios governamentais e outras autoridades nacionais, permitindo uma avaliação precisa de todos os dados relevantes relacionados aos motores da perda da biodiversidade, sejam eles: mudança do uso do solo, mudanças climáticas, poluição, uso e exploração de recursos naturais, relações de gênero ou espécies invasoras.
"Unir o que deve estar unido - esse é o objetivo da DaRT", diz Eric Wiedmer, especialista em DaRT no PNUMA. Ao vincular as estratégias de comprometimento globais, regionais e nacionais de uma determinada Parte aos melhores conhecimentos e dados disponíveis, constitui-se uma base que permite a tomada de decisões corretas para a realização do quadro global de biodiversidade pós-2020 e o monitoramento e registro dos avanços na implementação de ações”.
Unir o que deve estar unido — esse é o objetivo da DaRT.
Em Camarões, a ferramenta está sendo usada pelo Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Desenvolvimento Sustentável — com contribuições de outros Ministérios envolvidos — para facilitar a coleta de dados, reduzir custos relacionados e resolver discrepâncias nos registros.
O PNUMA ajudou a impulsionar um procedimento nacional para guiar a adesão a essa tecnologia em Camarões. Isso inclui a criação de uma cooperação entre atores nacionais e o comitê nacional da DaRT para orientações quanto à programação da plataforma, com atenção especial aos procedimentos administrativos na garantia de dados de qualidade e do monitoramento das metas de biodiversidade.
"O uso da DaRT para interligar fontes de dados ambientais nacionais e globais proporciona uma melhor compreensão do conhecimento nessa área, aumenta significativamente a colaboração entre partes interessadas e, por fim, respalda a elaboração coerente de políticas públicas", disse Mad Madame Josephine Beyala Epse Eloundou, Ponto Focal Nacional da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) e da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) em Camarões.
A Tanzânia segue o caminho de Camarões e organizará um workshop nacional para definir a estrutura de um Comitê DaRT nacional. O PNUMA também pretende desenvolver capacitações para contribuidores da DaRT.
À medida que mais países adotarem a ferramenta de registro de dados, a DaRT alcançará sua “prova de conceito” e se tornará mais eficaz nesta era crítica para a biodiversidade.
Um melhor gerenciamento de dados e conhecimentos ajudará na análise das realizações nacionais em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e mostrará como os MEAs estão contribuindo para a Agenda 2030.
Experimente a inovadora ferramenta DaRT solicitando uma área de trabalho nacional para seu país ou um webinário nacional personalizado com especialistas, entrando em contato com: Diane Klaimi (diane.klaimi@un.org) ou Eric Wiedmer (eric.wiedmer@un.org).
