A implementação de soluções baseadas na natureza vem crescendo. Mas há uma necessidade urgente de reunir mais evidências sobre os resultados dos projetos de adaptação em todo o mundo. Segundo o Relatório Sobre a Lacuna de Adaptação 2020 do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA), à medida que as temperaturas aumentam e os impactos da mudança climática se intensificam, o mundo deve urgentemente intensificar as ações para se adaptarem à nova realidade climática ou enfrentar sérios custos, perdas e danos.
A implementação de soluções baseadas na natureza vem crescendo em todo o mundo nas últimas duas décadas. Desde 2006, fundos multilaterais a serviço do Acordo de Paris apoiaram cerca de 400 projetos de adaptação em países em desenvolvimento, metade dos quais começaram depois de 2015. A maioria tem como foco a agricultura e a água, trabalhando os impactos das secas, variabilidade das chuvas, enchentes e os impactos costeiros.
Houve um aumento no volume e dimensão dos projetos. Enquanto os projetos anteriores raramente ultrapassavam U$10 milhões, 21 novos projetos alcançaram mais de U$25 milhões desde 2017. O Fundo Verde para o Clima, o Fundo para os Países Menos Desenvolvidos e o Fundo de Adaptação alcançaram juntos mais de 20 milhões de beneficiários diretos e indiretos. Entretanto, uma análise extensiva das ações de adaptação pesquisadas em artigos científicos mostrou que a maioria estava em estágios iniciais de implementação, apenas 3% foram capazes de relatar reduções reais nos riscos climáticos. O relatório demonstra uma necessidade urgente de reunir mais evidências sobre os resultados dos projetos e iniciativas de adaptação em todo o mundo. Ele também recomenda que os países adotem uma implementação mais forte para evitar ficar para trás.
Soluções baseadas na natureza em ação:
El Salvador - a "Cidade Esponja".
Quando o cafeicultor Hector Velasquez era uma criança, a chuva em sua cidade natal, San Salvador, era uma chuva contínua, mas leve, espalhada por oito meses. Mas, nos últimos anos, as mudanças climáticas tornaram as tempestades extremas mais comuns em El Salvador. As enchentes e os deslizamentos de terra estão lavando o solo superficial e com isso a fertilidade das plantações de café, que são vitais para a economia do país.
Entretanto, está em andamento um movimento para mudar isso. Autoridades municipais e cafeicultores, com o apoio do PNUMA e do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), lançaram um projeto para restaurar 1.150 hectares de florestas e plantações de café. Conhecido como CityAdapt, tem como premissa um fato simples: árvores e outra vegetação podem ser usadas como esponjas, atraindo enormes quantidades de água para a terra, prevenindo a erosão, limitando enchentes e recarregando o suprimento de água subterrânea para períodos de seca. CityAdapt já ajudou a plantar mais de 3500 árvores frutíferas em El Salvador e, até 2022, reduzirá o risco de inundação para 115.000 pessoas.
A adaptação baseada em ecossistemas (AbE) é uma abordagem que usa estes serviços ecossistêmicos como parte de uma estratégia holística de adaptação. A adaptação baseada em ecossistemas protege as comunidades vulneráveis do clima extremo e, ao mesmo tempo, fornece uma variedade de benefícios cruciais para o bem-estar humano, como água potável e alimentos. Todos saem ganhando com os resultados.