24 Jul 2020 Reportagem Nature Action

Mergulho virtual nas águas de Belize ensina como proteger os oceanos

Você gostaria de mergulhar nas águas caribenhas do Belize para aprender como proteger nossos ecossistemas marinhos?

Junte-se à campanha Selvagem Pela Vida do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e participe de uma jornada virtual e imersiva através de três ecossistemas marinhos únicos, mas conectados – florestas de mangues, campos marinhos e recifes de coral –, ameaçados por atividades humanas como o turismo, a pesca e a poluição.

A Jornada Marinha permite que os usuários explorem o fundo do mar como três personagens diferentes, mostrando como a biodiversidade fornece bens e serviços vitais à humanidade, além de apresentar as ameaças que esses ecossistemas estão enfrentando e ensinar como ações simples podem ajudar a proteger esses habitats interconectados.

Os personagens – um turista, um barqueiro ou um pescador – representam as pessoas que desfrutam dos oceanos para atividades de lazer nas férias, para a recreação de quem mora no litoral e para negócios relacionados aos oceanos. Cada indivíduo tem motivos únicos para sua jornada e representa tanto uma ameaça quanto uma oportunidade para os oceanos. Os usuários são encorajados a experimentar a jornada com os três personagens.

Por que Belize?

Vizinho do México, da Guatemala e do Caribe, o Belize abriga cerca de 300 km do Recife de Coral Mesoamericano, do qual cerca de 200.000 pessoas dependem para atividades como pesca e turismo. Além disso, o país é conhecido por suas estratégias inovadoras voltadas para a proteção dos oceanos. Por exemplo, eles exigem uma licença para os indivíduos pescarem nas águas do país e todas as capturas devem ser relatadas, o que tem ajudado a coibir a pesca ilegal.

Ao participar da jornada como turista, o primeiro ecossistema visitado será as florestas de mangues, apontadas como as “Guardiãs da Costa”. Os usuários aprenderão que os manguezais abrigam muitas espécies comercializadas de peixes e ajudam a mitigar as mudanças climáticas, pois são sumidouros de carbono extremamente eficientes.

No entanto, esses ambientes estão ameaçados pelos impactos negativos das atividades humanas, como o desenvolvimento costeiro, a aquicultura e a poluição. Enquanto exploram os manguezais, os usuários examinarão o impacto das ações humanas, como os riscos gerados ao alimentarmos peixes em seu habitat.

Outro ecossistema explorado são os campos marinhos, apontados como a “Creche do Mar”, onde animais jovens e vulneráveis ​recebem os cuidados necessários até se tornarem fortes o suficiente para se mudar para recifes e outros ecossistemas marinhos.

Seagrass
Photo by UNEP

A jornada final passa pelos recifes de coral, as “Cidades do Mar”, outro ecossistema ameaçado. Durante o passeio, os usuários aprendem como as atividades humanas, por exemplo o uso de filtros solares inadequados, pode afetar os corais. Protetores solares químicos que utilizam ingredientes como a avobenzona e a oxibenzona são tóxicos para os recifes de coral, por isso é recomendado o uso de protetores solares minerais, que são mais seguros para a pele e para os recifes.

O PNUMA e parceiros trabalham no Belize como parte da Convenção de Cartagena para a proteção e gestão de ecossistemas marinhos. O país nomeou três Áreas Marinhas Protegidas como parte do Protocolo de SPAW e em apoio ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (Vida na Água): a Reserva Marinha do Recife de Glover, a Reserva Marinha de Hol Chan e a Reserva Marinha de Porto Honduras.

A coordenadora do Departamento de Água Doce e Ecossistema Marinho do PNUMA, Leticia Carvalho, defende que os seres humanos têm muito a ganhar com ecossistemas saudáveis.

“Os recifes de coral são os ecossistemas mais biodiversos do oceano e abrigam aproximadamente 25% das espécies marinhas, fornecendo meios de subsistência para pelo menos 500 milhões de pessoas em todo o mundo. Infelizmente, eles também são os que mais sofrem com as mudanças climáticas. Agora é a hora de os Estados-membros se unirem para enfrentar a crise global dos recifes de coral e proteger esses valiosos ecossistemas”, completou.

Conforme afirma o relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) de 2019, a biosfera está se deteriorando mais rápido do que nunca. Um milhão de espécies de plantas e animais estão em risco de extinção e alguns já enfrentam esse risco há décadas.

A Jornada Marinha visa mobilizar e inspirar as pessoas a conservarem nossos valiosos ecossistemas marinhos. Essa é a primeira de quatro jornadas distintas, com futuros projetos incluindo ambientes como turfeiras, savanas e florestas.

O modelo segue o exemplo de outro produto inovador: em março de 2020, a campanha Selvagem Pela Vida lançou a Jornada nos Corais, um desafio virtual que permite explorar um recife de coral através do olhar de uma tartaruga marinha, a fim de entendermos seu papel singular na manutenção do equilíbrio da natureza.