“Atualmente, estamos há quase cinco anos na Agenda de Desenvolvimento Sustentável para 2030, mas não temos dados suficientes para rastrear a dimensão ambiental dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, diz Jillian Campbell, a Especialista em estatística do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) responsável pelo monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e coautora de um novo estudo sobre como a ciência cidadã pode nos ajudar a alcançar plenamente os ODSs.
“De fato, temos dados insuficientes para acompanhar o progresso global de 68% dos indicadores dos ODSs ligados ao meio ambiente. É impossível monitorar a dimensão ambiental dos Objetivos usando apenas fontes de dados tradicionais.
“Os dados gerados pelos cidadãos (ciência cidadã) têm um enorme potencial para nos ajudar a monitorar as metas. Além disso, o envolvimento dos cidadãos no processo de coleta de dados melhora a conscientização e a ação da comunidade”, acrescenta ela.
A ciência cidadã alcançou a maioridade nas últimas décadas desde o uso generalizado de dispositivos conectados à Internet, como smartphones e laptops, que permitem que um grande número de pessoas possa comunicar avistamentos de pássaros, plantas ou fenômenos climáticos locais ao redor do mundo.
O PNUMA tem trabalhado com especialistas em ciência cidadã de todo o mundo para desenvolver mecanismos para melhor utilizar os dados da ciência cidadã para o monitoramento oficial dos objetivos. Eles estão tentando responder perguntas como: que etapas seriam necessárias? Como é possível garantir a transparência e a qualidade dos dados para promover confiança neles? Quais são alguns exemplos de casos em que a ciência cidadã pode ser usada para preencher lacunas de dados?
Um artigo recente na Nature, Alinhando ciência cidadã e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, fornece um roteiro para a integração dos dados da ciência cidadã com os ODSs. O documento foi elaborado por uma coalizão de cientistas cidadãos, acadêmicos que trabalham com ciência cidadã e o PNUMA como um primeiro passo para usar a ciência cidadã para monitorar os objetivos de maneira prática.
De acordo com Matt Billot, um Oficial de Coordenação Sênior do PNUMA e outro coautor, “este artigo, uma colaboração entre o PNUMA e a comunidade de ciência cidadã, fornece um passo na direção certa. No entanto, precisaremos continuar trabalhando para fortalecer a interface entre governos e organizações de ciência cidadã. Atualmente, na Europa, estamos trabalhando em uma iniciativa para usar a ciência de dados para ajudar a diminuir a distância entre a ciência cidadã e as informações relevantes para as políticas”.
O Fórum de Ciência, Política e Comércio sobre o Meio Ambiente estabeleceu um grupo de trabalho sobre dados, análises e inteligência artificial em março de 2018. Por meio desse grupo, o PNUMA tem trabalhado com uma ampla gama de parceiros para avaliar como melhorar o uso de dados para monitorar o meio ambiente e os ODSs correspondentes. Um grupo de trabalho reuniu membros da comunidade de ciência cidadã mundial para explorar oportunidades de uso de dados recentes, incluindo dados científicos, para construir um ecossistema digital para o meio ambiente.
Outras organizações envolvidas: o Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados; a Escola de Recursos e Gestão Ambiental; a University College London; a Universidade de Tecnologia de Queensland; a Associação de Ciência Cidadã Australiana; a Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida; o Competence Center Citizen Science da Universidade de Zurique; a Parceria Global de Ciência Cidadã; a Associação Europeia de Ciência Cidadã; o Instituto Nelson de Estudos Ambientais; o Centro Comum de Pesquisa da União Europeia; o IHE Delft; a Organização Meteorológica Mundial; a Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade das Nações; o Escritório Federal de Estatísticas da Alemanha; o Centro Woodrow Wilson; o CitizenScience.Asia; a Universidade de Yale; a Universidade de Dundee; o Centro de Pesquisa em Ecologia e Aplicações Florestais; a Associação Citizen Science Africa; e o Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo.
Para mais informações, entre em contato com Jillian Campbell: campbell7@un.org e Matt Billot: matthew.billot@un.org