Líderes mundiais, personalidades do mundo dos negócios e membros da sociedade civil estão chegando a Dubai hoje para a abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28). A cúpula de quase duas semanas de duração procurará abordar algumas das questões mais urgentes relacionadas ao que os especialistas dizem ser uma crise climática em rápida aceleração.
Um momento importante da COP28 será a conclusão do primeiro Balanço Global, um processo que permitirá que o mundo avalie o progresso feito para atingir as metas do Acordo de Paris e onde os países estão falhando.
A COP28 ocorre após um ano de eventos climáticos extremos devastadores, causados pela mudança climática. Este ano está a caminho de ser o mais quente de todos os tempos, enquanto incêndios florestais, inundações e ondas de calor atingiram diversos países, dos Estados Unidos à China.
No período que antecedeu a COP28, o PNUMA divulgou dois importantes relatórios que mapearam a profundidade da crise climática. O Relatório sobre a Lacuna de Emissões constatou que as atuais promessas relacionadas ao clima colocam o mundo no caminho de um aquecimento de 2,5°C a 2,9°C até o final do século, bem acima das metas do Acordo de Paris. Enquanto isso, o Relatório sobre a Lacuna de Adaptação revelou que os países não estão investindo dinheiro suficiente para se prepararem para tempestades, secas e outras consequências das mudanças climáticas.
"A COP28 precisa ver os compromissos dos países para reduzir as emissões e acelerar sua transição para um futuro de baixo carbono e resiliente ao clima", diz Niklas Hagelberg, coordenador sênior do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em Mudanças Climáticas. "Sabemos, com base no Relatório sobre a Lacuna de Adaptação e no Relatório sobre a Lacuna de Emissões do PNUMA, que estamos fora do caminho quando se trata de nos adaptarmos aos efeitos da crise climática e reduzirmos as emissões", acrescenta.
Diante desse cenário, há uma esperança tênue de que os delegados façam progressos nas questões mais urgentes relacionadas à crise climática.
Os delegados vão discutir um pacote ambicioso de medidas que acelerariam uma transição justa para a energia renovável. Os observadores têm esperança de que isso inclua compromissos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, interromper a construção de novas usinas a carvão e triplicar a capacidade de energia renovável, dobrando a eficiência energética, até 2030.
Outras questões que ocuparão o centro do palco na COP28 incluem a adaptação às mudanças climáticas. Os países se comprometeram a dobrar o financiamento da adaptação de 2019 a 2025 na COP26, em Glasgow, e espera-se que haja progresso nessa frente. Espera-se também que os países adotem a Meta Global para Adaptação, que aumentaria o financiamento para países e comunidades que estão lutando contra as mudanças climáticas.
Em Dubai, as negociações também se concentrarão no chamado fundo de perdas e danos, criado no ano passado, que canalizaria o financiamento para países vulneráveis. Ele ajudaria essas nações a lidar com as consequências irreversíveis das mudanças climáticas, como a desertificação ou a elevação dos mares.
"O financiamento climático é fundamental para garantir que as comunidades mais vulneráveis do mundo possam se proteger dos efeitos crescentes da crise climática", afirma Hagelberg.
A COP28 verá o lançamento do Buildings Breakthrough, que visa acelerar a transição global para edifícios resistentes ao clima e com emissão quase zero. Esse é considerado um objetivo vital, pois o setor de edifícios e construção é responsável por 37% das emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia.
Espera-se que, durante as próximas duas semanas, os governos e o setor de petróleo e gás adotem ações ambiciosas para controlar o metano, um gás de efeito estufa de curta duração, mas potente, responsável por cerca de um terço do aquecimento global. Mais de 150 países já assinaram o Global Methane Pledge, que tem como objetivo reduzir as emissões em 30% até 2030. Essa é considerada uma etapa fundamental no esforço para manter o aquecimento abaixo de 1,5°C, uma meta central do Acordo de Paris.
Outra iniciativa liderada pelo PNUMA a ser lançada na COP28 é o Compromisso de Resfriamento Global. Seu objetivo é estimular os países a melhorar a eficiência energética e aumentar o acesso ao resfriamento sustentável por meio de uma série de metas coletivas.
O PNUMA terá uma grande presença na COP28. Seu pavilhão sediará vários eventos sobre tudo, desde o uso da inteligência artificial para inspirar ações climáticas até a aceleração da eficiência energética nos países em desenvolvimento.
A organização também lançará uma série de relatórios durante a COP28, incluindo:
- O que está sendo preparado? Uma avaliação dos possíveis impactos de novas alternativas selecionadas para produtos animais convencionais;
- Relatório De Olho no Metano;
- Relatório Resfriamento em Destaque;
- Relatório sobre o estado das finanças para a natureza.
Esses relatórios foram criados para aumentar a conscientização sobre algumas das questões mais urgentes relacionadas às mudanças climáticas e fornecer aos formuladores de políticas uma base científica para promover mudanças.
A primeira Conferência das Partes (COP1) foi realizada em Berlim em 1995 e, desde então, tem sido realizada todos os anos, exceto em 2020, devido à COVID-19. Organizada pela ONU sobre Mudanças Climáticas, juntamente com um país anfitrião, a conferência tem como objetivo analisar o progresso para limitar os efeitos das mudanças climáticas, muitas vezes refinando as metas ou concordando com tratados vinculativos. Na COP21, realizada em Paris em 2015, os países se comprometeram a reduzir as emissões e a prosseguir com os esforços para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C e mantê-lo "bem abaixo" de 2°C acima da era pré-industrial.
Você pode acompanhar as atualizações ao vivo da COP28 no feed de ação climática do PNUMA.
A 28ª sessão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) será realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Seu objetivo é promover ações sobre as mudanças climáticas, reduzindo as emissões e interrompendo o aquecimento global. Este ano, a COP28 discutirá os resultados do primeiro Balanço Global, avaliando o progresso para alcançar a ambição do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a menos de 1,5°C.
