Photo by UNEP
08 Dec 2023 Reportagem Climate Action

O que você precisa saber sobre novas alternativas de alimentos de origem animal

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À medida que a população mundial cresce, aumenta também a demanda por alimentos de origem animal, como carne e laticínios. O desafio: a pecuária pode ser ambientalmente destrutiva, agravando a tripla crise planetária das mudanças climáticas, da perda de natureza e biodiversidade, e da poluição e resíduos. Mas um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) descobriu que há maneiras mais sustentáveis para a humanidade obter sua proteína.

O relatório, lançado hoje na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), destaca uma série de alternativas à proteína animal cada vez mais populares, de carne cultivada em laboratório a fungos fermentados.

O relatório conclui que, até 2050, as alternativas de carne e laticínios podem representar até metade do mercado global de proteínas animais. Aqui está uma visão mais detalhada de algumas dessas inovações culinárias e como elas podem ajudar a criar sistemas alimentares mais sustentáveis.



Quais são as alternativas cada vez mais populares à carne e aos laticínios?

Elas incluem produtos à base de plantas, carne cultivada produzida a partir de células animais (extraídas de animais vivos) que são cultivadas em laboratórios, bem como alimentos ricos em proteínas derivados da fermentação de microrganismos como leveduras, algas e fungos. Mesmo que a fermentação tenha sido usada para produzir alimentos por séculos, seu papel na criação de fontes alternativas de proteína tem recebido mais atenção nos últimos anos. Dois tipos de processos são abordados no relatório: a fermentação de biomassa, que usa o crescimento rápido e rico em proteínas de microrganismos para fazer alimentos ricos em proteínas; e a fermentação de precisão, que permite o ajuste de microrganismos para produzir proteínas, sabores, vitaminas e gorduras que podem ser adicionados ao produto alimentar final.

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Que sabor essas alternativas têm?

Nos últimos anos, muitas empresas e governos ao redor do mundo investiram bilhões de dólares para desenvolver e comercializar essas alternativas para estar o mais próximo possível das proteínas animais. O mercado varejista de carne à base de plantas atingiu US$ 5,6 bilhões globalmente em 2021. Alguns desses produtos têm aparência, cheiro e textura semelhantes à carne convencional. No entanto, nem todos os consumidores estão convencidos sobre o sabor.

Por que precisamos de alternativas à carne animal e aos laticínios?

A população global está crescendo, com oito bilhões de pessoas no mundo hoje. A demanda global por carne deve crescer 50% até 2050. Embora a carne de animais forneça nutrientes importantes, sua produção é um dos principais impulsionadores de uma série de questões ambientais, como emissões de gases de efeito estufa, desmatamento, perda de biodiversidade e poluição. A produção em tal escala também levantou questionamentos em relação ao bem-estar animal.

Como a produção de carne convencional contribui para as mudanças climáticas?

A ciência é clara: a produção de carne e laticínios convencionais, especialmente em sistemas industriais e intensivos em países de renda média e alta, impacta negativamente as pessoas e o planeta. A pecuária (incluindo ração, emissões diretas, mudanças no uso da terra e cadeias de suprimentos) é responsável por quase dois terços das emissões de gases de efeito estufa do setor agrícola, exacerbando a crise climática.

Como novas alternativas à carne animal e aos laticínios podem ser melhores para o meio ambiente?

São necessárias mais pesquisas, mas estudos iniciais sugerem que alternativas aos alimentos de origem animal têm potencial para serem melhores para o meio ambiente e para a saúde humana, especialmente se forem produzidos usando energia de baixo carbono. O relatório mostra que, quando comparados à carne bovina, suína ou de frango convencional, os produtos proteicos à base de plantas exigiriam até 97% menos terra e de 30% a 50% menos energia para serem produzidos. Eles também emitiriam muito menos gases de efeito estufa – até 90% menos em comparação com a carne bovina convencional. A carne cultivada exigiria até 99% menos terra do que a carne convencional, enquanto os alimentos derivados da fermentação exigiriam até 90% menos terra. Se a energia renovável, com as técnicas de produção mais eficientes de carbono, for usada exclusivamente na produção de carne cultivada, sua pegada de carbono pode ser até 40 vezes menor do que a das fontes convencionais de carne.

Com o que se parece um futuro alimentar sustentável?

Novas alternativas às fontes convencionais de carne e de laticínios, quando apoiadas pela ciência aberta e transparente e políticas eficazes e equitativas, podem nos levar a sistemas alimentares sustentáveis e mais saudáveis. O relatório analisa as ações que os formuladores de políticas podem considerar para promover a pesquisa de acesso aberto, salvaguardar a segurança alimentar, os empregos, os meios de subsistência, a equidade social e de gênero para ajudar a maximizar os resultados benéficos das novas alternativas de carne e de laticínios, enquanto evitam potenciais impactos negativos sociais e na saúde.

Quais são as barreiras para essas fontes alternativas de proteína?

Custo, sabor e aceitabilidade social e cultural são barreiras fundamentais. Para que essas alternativas sejam produzidas de forma ambientalmente sustentável e que a produção seja ampliada, fontes de energia de baixo carbono são vitais.

Quais são os impactos socioeconômicos de uma mudança para essas alternativas?

A indústria agropecuária é atualmente uma parte crítica da economia global. É vital para os meios de subsistência das famílias rurais, especialmente nos países em desenvolvimento, e fornece alimentos saudáveis e ricos em proteínas para milhões de pessoas. Também possui um importante valor social e cultural em todo o mundo. A transformação radical dessa indústria deve ser feita de maneira equitativa, com uma transição justa para as milhões de pessoas que se beneficiam do atual sistema alimentar, em termos de emprego, renda e segurança alimentar.

Qual é o futuro dessas alternativas à carne e aos laticínios convencionais?

São necessárias mais pesquisas sobre os impactos ambientais, sociais e na saúde dessas novas alternativas. Os formuladores de políticas podem apoiar pesquisas de acesso aberto para ajudar a avaliar essas tecnologias e seus impactos potenciais, garantindo que qualquer transição para longe dos sistemas convencionais de agricultura animal seja justa e não prejudique a segurança alimentar ou catalise a desigualdade. Somado a isso, são necessários investimentos em alternativas à carne e aos laticínios dos animais, bem como políticas comerciais acordadas internacionalmente e padrões de segurança alimentar, entre outras políticas.

 

A 28ª sessão da Conferência das Partes (COP28) está sendo realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para impulsionar ações no combate às mudanças climáticas, redução de emissões e interrupção do aquecimento global. Este ano, a COP28 discutirá os resultados do primeiro balanço global, avaliando o progresso para alcançar a ambição do Acordo de Paris de limitar a temperatura média global a bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e prosseguir os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. Você pode acompanhar as atualizações ao vivo da COP28 no feed de ação climática do PNUMA aqui.