DISCURSO PROFERIDO POR: Inger Andersen
PARA: Plenária de abertura da UNEA-6
LOCAL: Nairóbi, Quênia
Excelentíssima Senhora Leila Benali, Presidente da UNEA-6 e Ministra da Transição Energética e do Desenvolvimento Sustentável de Marrocos,
Excelentíssima Senhora Soipan Tuya, Secretária de Gabinete para o Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Florestas do Quênia,
Excelentíssimo Senhor Firas Khouri, Presidente do Comitê de Representantes Permanentes,
Sra. Zainab Hawa Bangura, Diretora-Geral do UNON,
Elizabeth Mrema, Diretora-Adjunta do PNUMA,
Ministros, delegados, ilustres convidados e amigos.
Bem-vindos à Sexta Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que está ocorrendo aqui em Nairóbi, a capital ambiental do mundo, como gostamos de dizer. Meus agradecimentos vão, como sempre, ao governo do Quênia por décadas de compromisso com o PNUMA e pela governança ambiental internacional. Os meus agradecimentos também vão a você, Ministro Benali, pela sua excelente liderança ao longo dos últimos dois anos.
Esta assembleia sabe muito bem que vivemos uma tripla crise planetária que se intensifica: a crise das mudanças climáticas, a crise da perda de natureza e terras, e a crise de poluição e resíduos. Essa crise lança a sua sombra sobre todas as pessoas neste planeta, independentemente da nacionalidade, cor, fé ou gênero.
Este fórum, que gostamos de pensar ser o órgão de tomada de decisão mais influente do mundo no quesito meio ambiente, tem mostrado consistentemente a unidade de que precisamos para superar esta crise. Precisaremos dessa unidade para salvaguardar a Terra como a conhecemos. E, este ano, a assembleia está mais poderosa e mais unida do que nunca. Eu costumo dizer nessas assembleias que o mundo está assistindo. Na verdade, este ano, o mundo não está apenas assistindo. O mundo está aqui. Temos um número recorde de delegados, um número recorde de países representados e um número recorde de ministros. Obrigada por terem vindo.
Temos as vozes da geração mais jovem – que, na Assembleia do Meio Ambiente da Juventude, emitiu uma declaração pedindo equidade intergeracional e forte apoio ao multilateralismo ambiental. Temos as vozes da sociedade civil, dos povos indígenas, das mulheres, das empresas e de muitas outras fomentadas por meio do Fórum dos Grandes Grupos e Partes Interessadas. E temos os Acordos Ambientais Multilaterais aqui em Nairóbi para reimaginar como trabalhar juntos para um maior impacto e uma ação acelerada.
Então, enquanto vocês, Estados-Membros, negociam, peço-lhes que encarem e enfrentem as crises e os desafios ambientais. Desafios que são novos. Isso é urgente. Que ainda estão no horizonte, no oceano, mas que, em breve, cairão em nossas margens ambientais se não agirmos. Esse é o ambientalismo impactante, ágil e perspicaz que buscamos.
Excelências, colegas e amigos,
Por meio do trabalho incansável do Comitê Aberto de Representantes Permanentes, estão na mesa 19 resoluções e duas decisões. Isso não teria sido possível sem a dedicação do Presidente e da Mesa do Comitê, e dos co-facilitadores dos grupos de resolução debatidos durante o Comitê Aberto da semana passada. Meus profundos agradecimentos a todos.
Diante de vocês há resoluções que podem acelerar a transição para o net-zero. Melhorar a qualidade do ar que respiramos e da água que bebemos. Equipar a governança dos oceanos e do mar para enfrentar as ameaças futuras. Construir a resiliência das pessoas à seca. Apoiar os esforços internacionais para restaurar terras degradadas.
Há resoluções que impulsionarão ações multilaterais para enfrentar a injustiça climática. Estimularão uma conversa global sobre tecnologias emergentes que equiparão as nações com a ciência e a sabedoria para fazer as escolhas certas para as pessoas e o planeta. Ajudarão a inaugurar a cultura do tomar, fazer e desperdiçar, que é o coração torcido da tripla crise planetária – como destacado no Global Resources Outlook 2024 do Painel Internacional de Recursos, que está sendo lançado esta semana.
Na semana passada, vocês dedicaram muito tempo às negociações. Vocês chegaram cedo. E ficaram até tarde. Vocês trabalharam duro. Por isso, sou profundamente grata. Mas agora é hora de deixar as diferenças políticas de lado. Hora de focar neste pequeno planeta azul, repleto de vida. Hora de erguer nossos olhos para o nosso objetivo comum: um caminho para um futuro sustentável e seguro, no qual possamos tomar decisões sólidas e seguras. E podemos fazer isso concordando com as resoluções que são apresentadas a vocês para impulsionar a ação multilateral de hoje e de amanhã e garantir a justiça e a equidade intergeracionais.
Amigos,
Repetidas vezes, o espírito de Nairóbi entregou resultados no multilateralismo ambiental. Há dois anos, esta Assembleia tomou uma decisão histórica de lançar negociações para um instrumento global sobre a poluição por plásticos, um processo que deverá ser concluído este ano. Vocês deram ao mundo uma dose muito necessária de esperança. E vocês mostraram que o multilateralismo ambiental mundial está vivo. Que funciona. E que veio para ficar.
Por isso, peço-vos hoje que se unam mais uma vez e que elaborem resoluções fortes. Resoluções que podem trazer impacto real. Que atendam às necessidades de muitas pessoas que já lutam com o fardo da tripla crise planetária. E que sustentem as bases ambientais sobre as quais se sustentará um futuro pacífico, equitativo e sustentável.
Obrigada.
